Câmbio na semana passada definiu novas cotações ao grão
A semana passada foi bastante negativa para os preços da soja no mercado físico brasileiro. As cotações recuaram, pressionadas pelo fator câmbio. Os produtores, diante dos novos patamares, se retraíram e a movimentação perdeu força.
Conforme Safras & Mercado, a saca recuou de R$ 210,00 para R$ 201,50 em Passo Fundo/RS. Em Cascavel/PR, o preço caiu de R$ 200 para R$ 193. Em Rondonópolis/MT, baixou de R$ 190 para R$ 183.
No Porto de Paranaguá/PR, a saca baixou de R$ 205 para R$ 197,00. Os prêmios de exportação perderam força na semana, compensando em parte a alta dos contratos futuros e pela queda na demanda por parte da China.
A pressão sobre as cotações domésticas foi exercida pelo dólar comercial. A moeda acumulou baixa de 3,67% até quinta, para R$ 4,833. O forte ingresso de recursos externos devido à alta das commodities, às taxas de juros elevadas e às oportunidades na renda variável colocou a moeda americana sob pressão.
Já os contratos futuros em Chicago subiram 1,96% na posição maio. Para US$ 17/bushel. A alta do petróleo e a boa demanda pela soja americana sustentaram os preços internacionais.
Conjuntura
Com os problemas climáticos enfrentados, principalmente na Região Sul, a safra brasileira na temporada 2021/22 deve ser 14% menor que o potencial produtivo. A projeção foi feita pelo analista de Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque. Foi durante palestra realizada no 3º Safras Agri Week.
Luiz Fernando Gutierrez Roque
Safra 2021/22
“Devemos fechar com cerca de 125 milhões de toneladas, ante potencial de 145 milhões ou até mais”.
Luiz Fernando Gutierrez Roque
Para o Rio Grande do Sul, a queda na produção ante a temporada 2020/21 deve chegar a 40%. No Paraná, a retração é ainda maior, de 43%. Em Santa Catarina, a baixa esperada é de 19%.
“Além da falta de chuva e das temperaturas elevadas, vale ressaltar ainda que o estado gaúcho não atingiu toda a área esperada para 2021/22”.
Luiz Fernando Gutierrez Roque
Guerra na Ucrânia
Sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o analista comenta que o reflexo ainda é pequeno para a oleaginosa. “Tem um impacto indireto”, frisa. “Com as sanções, a China pode comprar mais da Rússia, por ser um parceiro”, pondera. Acrescenta, porém, que a relevância russa é pequena no mercado de soja.
Gutierrez Roque aposta que a China deve importar 100 milhões de toneladas em 2022. “O consumo chinês deve seguir elevado”, salienta. “Vale lembrar que a China prefere o produto brasileiro em detrimento ao norte-americano”, ressalta. “E, mesmo com a queda do dólar, o Brasil segue competitivo no mercado exportador”.
Piso do dólar
Sobre a moeda norte-americana, o analista aposta que o piso fica entre R$ 4,85 e R$ 4,90, em virtude dos problemas fiscais e econômicos, além da proximidade da eleição presidencial.
Com relação à safra americana, com o atual patamar da posição novembro/22 na Bolsa de Mercadorias de Chicago, a sinalização é por uma produção grande naquele país. “A área pode ser maior este ano”, ressalta. O relatório de intenção de plantio dos Estados Unidos sai dia 31 de março e terá a divulgação na Agência Safras.