A participação do médico-veterinário é fundamental para estabelecer um rigoroso protocolo sanitário e realizar o trabalho investigativo necessário para identificação e tratamento das doenças reprodutivas que
possam acometer o rebanho. É ele quem poderá fornecer as informações adequadas e conduzir o processo com segurança. A equipe também precisa estar preparada e municiada de informações para agir com rapidez e recolher os dados para as pesquisas, conforme exemplo citado abaixo:
• Ao encontrar um feto, o vaqueiro deve, primeiramente, comunicar a situação ao veterinário responsável;
• Em seguida, deve se paramentar com o EPI (Equipamento de Proteção Individual) para assegurar a própria saúde;
• Devidamente protegido, deverá recolher o feto da pastagem (ou da instalação em que o encontrou) e identificar a vaca que o abortou;
• Em seguida, o feto deve ser identificado, com medição do comprimento para auxiliar na mensuração da sua idade -, e com avaliação do grau de autólise fetal (tempo de exposição ao ambiente), viabilizando ou não seu envio para diagnóstico laboratorial;
• Os fetos que apresentam forte odor, estão moles e com coloração vermelho escuro, provavelmente, estão em avançado processo de autólise, ou seja, encontram-se mortos por longo período;
• Os recém-mortos terão aparência rosada e estarão firmes, sem extravasamento de líquidos celulares, estando aptos à necropsia, à histologia e a demais exames complementares;
• Os restos de placenta também são muito importantes para o fechamento do diagnóstico, podendo ser também coletados. Mantenha todo o material em saco plástico e refrigerado até a chegada do médico-veterinário à fazenda para que possa fazer os encaminhamentos para exames laboratoriais e necropsia;
• A vaca deve ser isolada do rebanho e submetida à avaliação clínica do médico-veterinário e para a coleta de sangue e a realização de exames complementares.
Vacinas
As novas biotecnologias da reprodução de bovinos e os inúmeros protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) permitiram ao criador intensificar a velocidade de reprodução no rebanho, controlar melhor a gestação e diminuir o intervalo entre partos. Tendo o domínio do processo reprodutivo do rebanho, conseguimos identificar falhas e então buscar soluções para minimizar as perdas.
Em meio a tantas doenças de impacto econômico, não podemos ignorá-las ou não dar a elas a devida importância e esperar um resultado eficiente. Sim, diante de tantos riscos, o controle das enfermidades é desafiador, assim como a realização dos diagnósticos e o estabelecimento de tratamentos economicamente viáveis. Mas, para isso, contamos com o conhecimento dos médicos-veterinários para estabelecer o melhor protocolo e temos a ferramenta das vacinas reprodutivas, que diferem na abrangência de doenças como polivalente ou monovalente.
A sugestão é vacinar todos os animais em idade reprodutiva, preferencialmente, antes de submetê-los à cobertura ou à inseminação artificial. Evidentemente que, muitas vezes, operacionalmente, isso se torna impossível, podendo o processo ser ajustado de acordo com as etapas do processo da IATF. Para uma melhor titulação imunológica dos animais e em razão dos diferentes tipos de adjuvantes, para algumas
vacinas, recomendamos duas doses iniciais nos animais submetidos à primeira imunização, com intervalo entre aplicação de 30 dias e, posteriormente, uma revacinação de dose única anual.
As vacinas reprodutivas apresentaram incremento nas taxas de concepção da IATF. A primeira dose é usada no primeiro dia do processo do protocolo hormonal e a segunda dose, no diagnóstico gestacional.
Alguns experimentos científicos apresentaram índices acima de 5% superiores aos dos animais vacinados e redução das perdas gestacionais em até 8% quando compara dos aos grupos controle, demonstrando a viabilidade econômica na utilização do protocolo sanitário. Paralelo a isso, devemos manter o rigor nas vacinações de Brucelose e, junto ao veterinário, sanitizar o rebanho eliminando vacas positivas para a doença.
As perdas gestacionais e taxas reprodutivas são variáveis entre fazendas e, por isso, não existe um protocolo sanitário único para todas as fazendas. Sabemos também que o investimento para suprir todo o rebanho, muitas vezes, necessita de um grande desembolso. Como forma de introduzir o protocolo gradativo, sugiro priorizar a categoria de vacas primíparas, as mais vulneráveis e que geram grande impacto. A vacinação é a principal ferramenta para a proteção e segurança da saúde do rebanho, porém não é a única medida para o controle eficaz das doenças, exemplificado como a Neosporose. Portanto
devemos buscar adotar todas as medidas necessárias em manejo, nutrição e em outros fatores que interfiram na imunidade do rebanho.






