Ciniro Costa Junior, pesquisador do Internacional Center for Tropical Agriculture (CIAT) propõe o uso do GWP* (Global Warming Potential Star) – sigla em inglês para “Potencial de Aquecimento Global” – como métrica oficial para medir as emissões de gás metano na pecuária.
O pesquisador explica que o GWP complementa as métricas climáticas convencionais, como o GWP100, por descrever melhor o aquecimento real causado pelas emissões de metano (CH4). Por exemplo, usando GWP100, uma taxa anual constante de emissões de CH4 pode ser mal interpretada como tendo um impacto três a quatro maior no aquecimento global.
Isso por que a versão ‘Star’ leva em consideração uma característica fundamental para avaliar o impacto climático do gás metano: seu tempo de vida curto. Apesar do CH4 ser um poluente climático, esse gás permanece na atmosfera por um período muito mais curto (cerca de 12 anos) do que os poluentes climáticos de longa vida, como o CO2 (mais de 1 mil anos).
Além disso, por ser um gás de vida curta e emitido por um processo biogênico, o metano da fermentação entérica dos bovinos não representa um impacto adicional ao clima quando degradado a CO2. Uma molécula do gás metano emitido pelo boi é oxidada a CO2 depois de 12 anos e volta a ser sequestrada pelas pastagens que são consumidas pelos animais, portanto, não é adicional na atmosfera.
Há espaço para adoção do GWP
De acordo com Ciniro, o método ainda tem limitação de uso devido à indisponibilidade de dados históricos mais precisos demandados para sua aplicação. Porém, o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) já menciona a métrica em seu relatório e a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) tem um grupo de discussão para buscar meios de inserir o GWP* em sua lógica de assessoria para os países. “Ainda são negociações para a implementação, mas que têm um futuro bem otimista”, finaliza.
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Redução das emissões de metano
Apesar dos benefícios da adoção da métrica para o setor pecuária, o pesquisador alertou que o foco em reduzir essas emissões deve continuar. Após avaliações, concluiu-se que já existem aditivos alimentares com potencial de mitigação de aproximadamente 20% das emissões de metano entérico e outros que reduzem cerca de 10%. No entanto, segundo ele, o grande potencial mesmo está na melhoria dos sistemas produtivos por meio do manejo das pastagens, dieta e genética dos animais.