Intensificação do conflito coloca em questão a prorrogação do acordo de exportação de grãos da Ucrânia; cresce o risco de nova alta da inflação global dos alimentos
Os futuros de trigo saltaram quase 8% após a Rússia atacar as principais cidades ucranianas, incluindo Kiev, em uma escalada da guerra que pode representar uma nova ameaça às exportações de grãos do Mar Negro.
Explosões abalaram a capital ucraniana pela primeira vez em meses, e o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou novos ataques com mísseis, um dia depois de acusar as forças do país ocupado de danificar uma ponte que liga a Crimeia à Rússia. A intensificação do conflito coloca em questão se os dois lados concordarão em estender o acordo de exportação de grãos da Ucrânia, que deve expirar em cerca de um mês.
Qualquer desaceleração poderia aumentar os preços dos alimentos básicos globais, que vinham recuando recentemente. Os embarques de safras ucranianas já enfrentavam desafios, com um gargalo crescente de navios à espera de inspeção em Istambul.
“O início da semana pode ser muito conturbado, com o risco de aumento das tensões no Mar Negro”, disse a Agritel em nota.
Os futuros de trigo em Chicago chegaram a US$ 9,495 o bushel. Os preços subiram mais de 20% este ano. Milho e soja também subiram.
A Rússia também atacou outras cidades ucranianas, incluindo Odesa, que é um importante centro de cargas de grãos e um dos três portos abrangidos pelo acordo de exportação. O porto marítimo de Odesa foi fechado devido a ataques aéreos, uma prática usual durante a guerra, de acordo com a Administração dos Portos Marítimos da Ucrânia.
Por outro lado, um congestionamento de mais de 2.000 barcos e barcaças nos EUA está se dissipando após a reabertura de dois trechos ao longo do rio Mississippi no domingo. Os baixos níveis de água em meio a uma seca prolongada interromperam os embarques comerciais de commodities no meio da colheita.
O mercado também aguarda um relatório de safra crucial do Departament de Agricultura dos EUA na quarta-feira. Analistas sondados pela Bloomberg, em média, esperam que a agência reduza suas perspectivas para os estoques globais de trigo e milho.
Fonte: Exame