Coluna Zadra responde, escrita pelo zootecnista Alexandre Zadra.
Qual raça usar sobre as minhas F1 Canchim/Tabapuã? Todos os machos serão desmamados, recriados a pasto e engordados no cocho. Também devo aproveitar as irmãs deles serão aproveitadas como matrizes. Lucas Rabello – RJ
Primeiramente, precisamos estar cientes sobre qual nível metabólico seus animais devem ter para que estejam confortáveis no calor e com apetite para ingerir forragem. Como pretende reter as filhas de suas matrizes para reprodução, lembramos que as mesmas devem ter pelo curto, liso e brilhante, denotando adaptabilidade ideal para dissiparem o calor endógeno. Assim, somente animais que tenham, pelo menos, 50% de sangue de raças tropicais serão tolerantes ao calor, com pelo zero.
Você já tem fêmeas bem tropicalizadas (69% de sangue zebuíno). Assim, para novamente produzir animais que vivem bem no calor, recomendo o uso das raças taurinas adaptadas como Bonsmara, Caracu ou Senepol. Essas três raças – sobre as suas matrizes – gerarão 100% de heterose com pelo zero, sendo a progênie 5/8 taurino (o que representa ótima maciez de carne), ainda assim totalmente adaptada, podendo ser recriada a pasto sem problema algum no calor do Rio de Janeiro.
Outras opções para se produzir animais com pelo zero sobre suas F1 Canchim/Tabapuã são os bimestiços (5/8 europeus e 3/8 zebuínos). As melhores opções, para seu caso, são o Brangus e Braford, pois são de menor porte, gerando ótima complementariedade, bons níveis de vigor híbrido e excelente adaptabilidade ao calor. Dessa forma, produzirão fêmeas muito adaptadas e férteis.
Caso recrie os animais num sistema semi-intensivo de pastagens, vendendo machos e fêmeas, recomendo o uso de raças europeias como Angus e Hereford. Nesse caso, estará gerando ótima heterose, com alto potencial de ganho em peso para sistemas com suplementação a campo.
Mesmo usando sêmen de Nelore para parto fácil ou Nelore que tenha DEPs negativas para peso ao nascimento, espera-se que parte dos bezerros sejam grandes ao nascimento. Portanto, somente recomendo o uso de zebuíno sobre F1 caso as mesmas não sejam novilhas.
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Amigo meu usou sêmen de Nelore com DEPs negativas para Peso ao Nascimento sobre as novilhas meio-sangue Angus/Nelore. Mesmo usando sêmen desses touros provados, teve problemas de parto. Alguns bezerros nasceram muito pesados. Por que isso ocorre? Você recomenda alguma outra raça sobre as minhas F1 Angus/Nelore para serem recriadas e engordadas num sistema semi-intensivo? Pretendo abater todos os tricross. Wellington Oliveira Bela Vista – MS
Antes de tudo, devemos sempre lembrar que, quando usamos zebuíno sobre fêmeas sem cupim (taurinizadas) – como suas F1 Angus, devemos levar em consideração que a parição atrasará entre 10 e 15 dias, ou seja, são recém-nascidos com 10 a 15 Kg a mais que a média.
Mesmo usando sêmen de Nelore para parto fácil ou Nelore que tenha DEPs negativas para peso ao nascimento, espera-se que parte dos bezerros sejam grandes ao nascimento. Portanto, somente recomendo o uso de zebuíno sobre F1 caso as mesmas não sejam novilhas. Para explorar ao máximo seu sistema, deve produzir animais com um metabolismo um pouco mais alto que os F1, ou seja, não tão adaptados ao calor, mas com ótimo potencial de ganho em peso quando se administra dieta concentrada como suplementação. Esses terão ótimo potencial de ganho em peso para serem recriados e engordados no seu sistema de ração a pasto. As raças mais indicadas são o Bonsmara, o qual gerará 100% de heterose. Outro grupamento interessante para uso nas suas matrizes são os bimestiços. Aconselho o uso de Canchim e Santa Gertrudis, pois são de maior porte, acasalando muito bem com suas F1 britânicas. Lembro que essas raças – que não são exatamente do calor – produzirão animais tricross que apresentam mais pelo que os filhos de raças tropicais, no entanto atenderão sua necessidade de alto potencial de ganho em peso.