O primeiro semestre tende a ser marcado por preços firmes no mercado internacional de milho.
As razões para este cenário são as seguintes, conforme o analista de Safras & Mercado Paulo Molinari:
1. A demanda aquecida na Europa;
2. A ausência do Brasil no cenário exportador:
3. As incertezas com relação à safra da Argentina em termos de produção (por conta do plantio tardio);
4. E as limitações de vendas na Ucrânia devido à guerra devem direcionar as atenções para os Estados Unidos, único player com bom volume de oferta.
Em relação ao Brasil, as exportações recordes em 2022, superando as 45 milhões de toneladas, devem fazer com que os estoques de passagem do ano comercial 2022/23 fiquem limitados ao redor de 4,4 milhões de toneladas.
Volume aquém dos volumes observados no final da temporada comercial 2022/23.
Preços internos vão subir
Com isso, os preços internos do milho devem encontrar espaços para altas ao longo do primeiro semestre.
Molinari ressalta que, além da oferta limitada, o risco climático para a safra de verão se mostra novamente presente no Brasil, por conta da forte estiagem no RS.
Segundo a mais recente estimativa de Safras & Mercado, divulgada em dezembro, o estado deve produzir 5,885 milhões de toneladas.
O número poderá ser revisto como não haja uma normalidade das precipitações no curto prazo.
“A safra de verão deverá alcançar 24,892 milhões de toneladas, ficando acima das 21,863 milhões de toneladas produzidas na safra verão 2021/22”, informa.
Um outro fator que pode contribuir para manter os preços do milho aquecidos leva em conta a questão dos fretes.
Embora o Brasil possa estar praticamente limitado nas exportações do cereal no primeiro semestre, com exceção dos embarques via porto de Rio Grande/RS em fevereiro e março, há uma concorrência logística com a soja.
O que impossibilita o deslocamento do cereal para longas distâncias.
“Isso pode fazer com que os preços do milho se acentuem em locais mais próximos aos centros de consumo”, sinaliza.
Efeito Argentina
O analista ainda faz menção à Argentina, importante player exportador, que registra um forte atraso de plantio até o momento.
“Se as chuvas retornarem, ainda há chance de uma boa safra. Mas, a janela de plantio no país vai somente até janeiro e pode haver problemas no que tange a produção sem que haja maiores chuvas. O volume de milho esperado para o país vizinho varia entre 50 e 54 milhões de toneladas”, avalia Molinari.
Fonte: Safras & Mercado