As condições climáticas na Argentina, o atraso na colheita no Brasil e o aumento de vendas norte-americanas marcaram a semana passada para a soja.
Diante desses acontecimentos, o contrato com vencimento em março/23 encerrou a semana cotado a US$ 15,12/bushel (+0,20%).
E o com vencimento em maio, a US$ 15,07 bushel (+0,20%).
De acordo com o relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), divulgado no dia 26, houve uma melhora climática na Argentina, com volumes de chuva maiores que o projetado.
Essa condição favoreceu o país.
Até apresentou uma redução na porcentagem de condições de lavouras “ruins/péssimas” e, consequentemente, pressionou Chicago para baixo.
Além disso, esse mesmo relatório, também apresentou a evolução da semeadura Argentina, que se encontra em 98,8% da área projetada.
Espera-se que esse plantio recente receba condições climáticas mais favoráveis para seu desenvolvimento, diante de previsões mais otimistas para a próxima semana.
Colheita brasileira em atraso
Já no Brasil, a colheita da safra ainda continua com atrasos em algumas regiões.
Isso ocorre tanto pelo atraso no plantio quanto pelas precipitações em níveis elevados que contribuíram para essa demora na colheita.
Um exemplo é a comparação dos dados de colheita no estado do MT, fornecidos pela Conab.
A Companhia mostra um atraso de 8,4% em relação ao mesmo período no ano passado.
Já na área total plantada no Brasil, o atraso é de 3,5%.
Vendas americanas
Em relação às vendas líquidas norte-americanas, houve um aumento de 16% em relação à semana anterior.
E atingiu em torno de 1,15 milhão de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
A China foi o principal comprador.
Representou 80% desse volume, e há otimismo extra de reforço na demanda asiática nas próximas semanas.
A moeda norte-americana fechou a semana passada em queda de 1,92%, a R$ 5,11.
O cenário internacional foi marcado pelos dados da inflação e do PIB dos EUA.
Apesar dos números positivos anunciados, a cautela com o risco de recessão no país ainda permanece.
No Brasil, o cenário interno se manteve estável e propício à entrada de capital estrangeiro, por ter a maior taxa de juros reais dentre os países emergentes.
E devido a queda expressiva do dólar, houve desvalorização nas cotações brasileiras, em relação à semana anterior.
Clima na semana
De acordo com a previsão climática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Brasil terá níveis de precipitações elevadas.
O cenário será favorável para as lavouras, principalmente no Centro-Oeste, com volumes entre 25 a 100 mm.
Contudo, em determinadas áreas que já começaram a colheita, a atividade pode ser prejudicada.
No RS, a previsão permanece em cenário crítico em relação aos níveis de chuvas.
E para a Argentina, o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) sinaliza a continuidade de chuvas mais volumosas em boa parte do cinturão produtor.
Caso todas essas condições se confirmem, pode haver uma melhora nas condições das lavouras, o que pressiona as cotações de Chicago.
Ano Novo Chinês
E também nesta semana, com o término do feriado do Ano Novo Chinês, é esperada a volta do gigante asiático ao mercado, devido ao baixo estoque de soja do país.
Logo, pode haver um aumento da demanda global da leguminosa.
Juntando os dois fatores: produção recorde no Brasil e China com estoques reduzidos, é gerada uma expectativa de que as compras da soja brasileira se intensifiquem com a retomada do maior importador de soja do mundo.
Já o dólar terá uma semana de muita oscilação, diante da reunião do Banco Central dos Estados Unidos.
O Banco deverá aumentar em 0,25% a taxa de juros norte-americana.
As condições internas do Brasil devem influenciar bastante no valor da moeda americana, mas deve predominar o movimento de queda.
O país continua bastante atrativo para receber capital estrangeiro.
E esse investimento na economia brasileira pressiona as cotações para baixo.
Diante de todo esse cenário, a semana poderá ser marcada por queda nas cotações brasileiras.
Poderá haver pressão principalmente pela queda do dólar e intensificação da colheita.
Fonte: Grão Direto www.graodireto.com.br