Coluna Total Clima, escrita pela metereologista, consultora de clima para empresas agrícolas, palestrante e com experiência em comunicação multimídia, participante do programa A Hora do Grão, Cátia Valente.
A La Niña finalmente chegou ao fim! Podemos comemorar, mas a que preço? Terceiro ano consecutivo de águas superficiais frias ao longo do Pacífico Equatorial e um histórico de secas e inundações pelo Brasil. Junte a isso as mudanças climáticas em curso; o resultado são catástrofes, lavouras inteiras dizimadas pela escassez e cidades arrasadas pelo excesso de água.
Enquanto os estados do Sul, em especial o Rio Grande do Sul, amargaram duas grandes estiagens e falta de reposição hídrica em 36 meses, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo enfrentaram enchentes e escorregamentos de terra devido a elevados volumes de chuva, alguns sem precedentes na história.
Ao mesmo tempo, as temperaturas cada vez mais elevadas favorecem ondas de calor intensas ao longo dos últimos verões. La Niña e El Niño sempre existiram; o problema é que os eventos climáticos e meteorológicos decorrentes deles estão cada vem mais intensos, e nós não estamos preparados para enfrentá-los.
Ao longo dos próximos meses, tudo indica que estaremos sob a condição de “normalidade climática”, ou seja, sem a influência de fenômenos de grande escala. Com isso, naturalmente, os mecanismos meteorológicos (frentes frias, massas de ar seco, sistemas de alta e baixa pressão) passam a ser os responsáveis conforme a climatologia da região.
Apesar da probabilidade crescente para a instalação de um El Niño, os principais institutos americanos mantêm a incerteza devido à grande variação das previsões durante as estações de transição: no caso, o outono aqui no Hemisfério Sul e a primavera no hemisfério Norte. Para previsões mais estendidas, esses mesmos institutos indicam que, a partir do trimestre junho-julho-agosto, o El Niño se torna a categoria dominante, com probabilidade entre 53% a 57% de ocorrência.
Leia também: Brasil tem prejuízos bilionários devido a desastres climáticos
E como fica a previsão?
No sul, a tendência é do retorno gradual das chuvas decorrentes da passagem de frentes frias. E à medida que o inverno se aproxima, aumenta também a passagem das massas de ar frio. Agora em março as chuvas começam a retornar, mas é a partir de abril que os volumes podem oscilar em torno das médias. Porém, falar de recuperação hídrica ainda é cedo no caso do Rio Grande do Sul.
Nos estados do Sudeste e do Centro-Oeste, o início do outono marca o início da estação seca; a expectativa é de que as condições meteorológicas locais prevaleçam nessas regiões, com as precipitações diminuindo visivelmente ao longo do outono. Já para a metade norte, a tendência é de que as precipitações sigam acima da média entre março e abril, diminuindo entre o final do outono e início do inverno. Para as temperaturas, a tendência é que o trimestre (março/abril/maio) siga com um padrão mais quente do que o normal.