Coluna Brasil de A a Z, escrita pelo zootecnista, mestre e doutor em Produção Animal, jurado de pista de Angus a Zebue proprietário da Brasil com Z – Zootecnia Tropical, William Koury Filho.
Prezados leitores, escrevo esta coluna no final de fevereiro, quando as chuvas seguem intensas em grande parte do país. De um lado, os temporais são bons para o capim; de outro, desastrosos no litoral norte de São Paulo, onde somos solidários às vítimas da tragédia e aplaudimos o exemplo do governador que, sem titubear, transferiu temporariamente seu gabinete para São Sebastião e, com toda sua competência e empenho, dá um grande exemplo para o Brasil de uma liderança comprometida com sua função pública. Já no âmbito federal, seguimos acompanhando um governo inescrupuloso em sua política econômica, que torra o dinheiro público sem nenhum pudor.
Voltando ao tema da coluna, vamos buscar entender melhor o que são critérios de seleção, falar um pouco sobre interação genótipo versus ambiente e correlações genéticas entre as características.
Pois bem, uma vez definido seu objetivo de seleção, você deve adotar os critérios que vão conduzir o seu rebanho de maneira mais eficiente. Por exemplo, se o objetivo é produzir bezerro pesado, o foco tem de ser em fertilidade, habilidade materna e peso a desmama como critérios de seleção principais. Se for produzir touro, os critérios de seleção devem ser mais completos e, mesmo assim, deverá produzir reprodutores mais fortes para cumprir com objetivos específicos, tais como: produzir carcaças pesadas, carne de qualidade ou fêmeas funcionais.
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Contudo, para comprar um touro, ainda é importante o produtor estar atento à interação genótipo versus ambiente, conceito que se traduz a partir da ideia de que determinada genética pode desempenhar bem num sistema de produção, com melhor aporte nutricional, por exemplo, e não desempenhar em um ambiente mais rústico, com menor oferta alimentar. Assim, buscar uma genética selecionada em ambiente mais próximo da sua realidade ajuda muito a obter resultados mais certeiros.
Para melhor eficiência, é importante também entender as correlações genéticas entre as características, o que significa que, selecionando para área de olho de lombo, por exemplo, também estará evoluindo para peso e estrutura corporal, pois tais pontos são altamente correlacionados – é mais fácil evoluir numa única característica do que em dez ao mesmo tempo.
De qualquer maneira, para atender a todos os elos da cadeia produtiva, existe a necessidade de evoluir rebanhos mais completos. Exemplo: para produzirmos um bezerro pesado, é primordial um bom nascimento (fertilidade e facilidade de parto); depois, ele precisa desmamar pesado (habilidade materna para mãe e habilidade de sobrevivência e potencial de crescimento para peso a desmama no bezerro) e, para se tornar um boi pesado, necessita ainda de genes de crescimento pós-desmama, estrutura, musculatura e área de olho de lombo. Seguindo o caminho do boi para terminar precoce, é importante ter biotipo e acabamento de carcaça. Para lucrar ainda mais, a eficiência alimentar faz a diferença. Não podemos esquecer, portanto, que para produzir um boi devemos considerar o custo de manutenção de uma matriz parindo a campo: é determinante a relação do peso das vacas com quilos de bezerros desmamados por ano para melhores resultados financeiros.
Em suma, seleção é algo realmente muito complexo; logo, minhas dicas são: faça o arroz com feijão bem feito, selecione para fertilidade e habilidade materna; a partir daí, estude muito e busque não complicar demais. E não se esqueça de manter um olho nos números e outro no gado, pois o gado mais sadio e produtivo em sua realidade de fazenda, certamente, traz genes de adaptação que farão toda diferença em seus resultados de fertilidade e produtividade.
Se você é produtor de genética, fique ainda mais atento; cuidado com modismos. Como o touro é a semente da pecuária, tenha a certeza de que o mercado será cada vez mais exigente. Vamos que vamos!