Os eventos de granizo ocorridos entre 17 e 21 de setembro trouxeram perdas significativas pontuais nas lavouras catarinenses. As culturas de tabaco, trigo, milho, pêssego, ameixa, nectarina, erva-mate e pastagens registraram danos. Na fruticultura, foram 49 hectares de pêssego, ameixa e nectarina. Ou seja, os prejuízos representam 85% dos pomares afetados.
Outras culturas
Além disso, 611 hectares de tabaco registraram problema. As perdas representam entre 20 e 40% nas lavouras prejudicadas. Já a cultura do trigo teve prejuízos de cerca de 20% em 400 hectares.
No caso do milho, 63 hectares sofreram com o granizo, registrando prejuízos próximos a 15%. A erva-mate sofreu danos de 20% em 200 hectares. No caso das pastagens, resultou em problemas em 500 hectares.
Contexto estadual
Entretanto, Darlan Rodrigo Marchesi, gerente estadual de extensão da Epagri, destaca que, no contexto estadual, os eventos não causaram forte impacto. “No entanto, os agricultores que tiveram seus cultivos atingidos sofreram perdas significativas”, pondera.
A recomendação agora é de que os produtores rurais que tiveram prejuízos procurem os escritórios da Epagri em seus municípios. Desta forma, podem conhecer as medidas as serem adotadas.
Ainda não monetizamos as perdas. Este será o segundo passo do nosso levantamento: avaliar, em reais, quanto essas perdas significam.
Darlan Rodrigo Marchesi
Extremo Sul
As regiões prejudicadas foram Extremo Sul, Oeste, Meio Oeste e Alto Vale do Rio Itajaí. Sendo o primeiro um dos mais atingidos. Morro Grande, São João do Sul, Timbé do Sul, Meleiro e Balneário Gaivota são que tiveram grandes perdas na cultura do tabaco. Segundo informações da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) cerca de 80 produtores já acionaram o seguro antigranizo.
“As lavouras de tabaco atingidas sofreram perdas entre 20% e 40%”, informa Edson Borba, gerente regional da Epagri em Criciúma. Ele explica que a fase avançada de desenvolvimento das plantas na região deixou essa cultura mais suscetível ao granizo.
Áreas de milho foram afetadas pelo granizo no Extremo Sul. No entanto, em menor proporção, já que as plantas estão em fase inicial de desenvolvimento. Os pomares de maracujá também sofreram, principalmente em Balneário Gaivota, com danos em folhas nos estágios iniciais. Mas com possibilidade de recuperação. Cerca de 35 casas do meio rural de São João do Sul e Balneário Gaivota tiveram problemas em telhados.
Meio-oeste
Segundo Jonatan Galio, gerente regional da Epagri em Videira, Lebon Régis, no Meio-oeste catarinense, registrou danos em 10 hectares de alho e 12 de cebola, com perdas de 10% e 5%, respectivamente, com possibilidade de recuperação.
Já em Fraiburgo, cerca de 49 hectares de pêssego, ameixa e nectarina registram danos severos, chegando a perdas entre 80% e 85% de produtividade.
Jonatan Gali
Houve derrubada dos frutos e perda da qualidade. A cultura da maçã, que está em fase de floração, não sofreu danos significativos com os episódios de ganizo.
Cerca de 300 famílias do meio rural foram atingidas em Timbó Grande, com relatos de danos em residências, galpões, abrigos de cultivo protegido entre outras estruturas. Os cultivos mais afetados foram uva – com desfolha severa em estágio inicial de brotação – e erva-mate, que teve 200 hectares também desfolhados, causando 20% de perdas. Ainda neste município, três estabelecimentos de morango foram afetados e 500 hectares de pastagens de inverno danificadas com desfolha moderada a severa.
Oeste
“Na região Oeste, Coronel Freitas foi o município mais prejudicado pelo evento climático, com perdas da ordem de 15% no cultivo de tabaco”, descreve o gerente regional da Epagri em Chapecó, Mário Jovino. Além disso, cerca de 400 hectares de trigo foram afetados, com perdas de 20%, decorrentes do tombamento de plantas e debulha de grãos. “Em Planalto Alegre, também foram registradas perdas próximas a 25% e 15% nos cultivos de tabaco e milho, respectivamente”, completa Jovino.
Alto Vale e Planalto Sul
Na região do Alto Vale do Rio Itajaí, lavouras de fumo foram afetadas nos municípios de Vitor Meireles e Rio do Campo. “Como nestes locais as plantas são mais jovens, os danos foram menores e com maior possibilidade de recuperação”, informa o gerente regional da Epagri em Rio do Sul, José Márcio Lehmann.
Na região de Lages, no Planalto Sul, o granizo ocorreu principalmente em áreas urbanas. Os municípios mais atingidos foram Anita Garibaldi, Palmeira, Painel, Capão Alto, Campo Belo do Sul, Lages, Otacílio Costa e Correia Pinto.
Recomendações
“Os agricultores afetados devem procurar orientação técnica nos escritórios da Epagri, para encaminhar os procedimentos e manejos pertinentes” recomenda Darlan. Segundo ele, é necessário verificar a possibilidade de enquadramento no Proagro, nos casos de lavouras financiadas, ou no Seguro Agrícola.
Darlan relata ainda que, para minimizar os danos no tabaco e erva-mate, a orientação é antecipar a colheita quando possível. Na fruticultura, é importante adotar manejo de doenças que possam acometer as plantas feridas pelo granizo. Nas lavouras de milho, a recomendação é acompanhar a densidade de plantas, verificando a necessidade ou não de ressemeadura e, quando possível, antecipar a adubação de cobertura.
Segundo Clóvis Levien Correa, meteorologista da Epagri/Ciram, os episódios de granizo em setembro foram ocasionados pela formação de um Cavado (área alongada de baixa pressão) e pelo Jato Subtropical em alto níveis a atmosfera. “Esta combinação favoreceu a formação de nuvens de desenvolvimento vertical, chamadas de supercélulas, que proporcionam vento forte e granizo, entre outros fenômenos”, destaca Clóvis. O meteorologista alerta que a primavera é um período propício para ocorrência de granizo, por isso a recomendação é para que os agricultores fiquem ainda mais atentos à previsão do tempo nesta estação do ano.
Fonte: Epagri
Foto destaque: Wenderson Araujo/Trilux