A pecuária vive um dos melhores momentos da sua história para investimento, mesmo após ter enfrentado uma queda de 20% nos preços em pouco mais de um ano e ainda estar ocorrendo uma pressão muito grande por baixa no mercado, apesar da expectativa de um pouco de alta nos valores nos últimos meses. O gerente técnico da SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócios, Armindo Barth Neto, explica que esta afirmação se deve ao fim de um ciclo pecuário que está se aproximando.
De acordo com Barth Neto, a pecuária vive de ciclos e o que está chegando ao fim é composto por um momento de alta e, na sequência, por uma forte baixa. “E é exatamente isso que está acontecendo. O final de um ciclo pecuário sempre é caracterizado por um abate muito acentuado de fêmeas e num curto espaço de tempo passa a faltar terneiros no mercado. Depois, um pouco mais longe, falta boi gordo e aí os preços sobem”, observa, colocando que é no momento de baixa que devem ser feitos investimentos assertivos para colher bons resultados em 2024 e 2025. “As perspectivas mostram que, diferente dos outros anos, nesse ciclo pecuário, que está chegando ao fim, os preços estão maiores do que no anterior e vindos depois de um recorde histórico. Isto leva a crer que nos próximos dois anos as cotações estarão batendo o valor recorde registrado em 2021”, destaca.
O gerente técnico da SIA afirma que é preciso investir certo na pecuária e cita três dicas. A primeira é comprar bem, principalmente animais de alta qualidade por um preço bastante acessível, podendo gerar uma boa margem de lucro para frente. “O que mais temos visto no mercado é que a diferença entre o preço do terneiro e o preço do boi gordo está girando na faixa de 10%, e em alguns casos até menos do que isso. Então, é um momento excelente para comprar. Na última alta que tivemos nesse ciclo o preço do terneiro chegou a ficar 40% acima da cotação do boi gordo, uma relação bem desfavorável para quem está comprando”, enfatiza.
Virada do ciclo reduz custos
A segunda dica de Barth Neto se refere à produzir barato. Segundo ele, mesmo que se pague barato pelo animal, é fundamental não investir de maneira desenfreada. “Apesar de se enxergar um movimento de queda nos preços dos insumos, não se pode esbanjar. Para criar uma boa margem de lucro é importante investir em tecnologia para produzir barato, gerar um grande ganho de peso nos animais ao longo do ciclo produtivo, para criar bastante margem de lucro”, ressalta, colocando, ainda, que na pecuária de corte, principalmente, não tem como escapar da produção à pasto com a suplementação certa para potencializar o ganho de peso do animal.
Barth Neto finaliza com a terceira dica, que é a busca pelo conhecimento, pela informação de qualidade na hora em que o produtor for aplicar as tecnologias em sua propriedade. “Vivemos em um mundo de muito conhecimento, mas o mais difícil é conseguir filtrar e aplicar a tecnologia certa que vai caber no negócio. Então, é extremamente importante saber quais são as tecnologias disponíveis no mercado e procurar aplicar as que realmente funcionem para o seu negócio”, conclui.
Mercado interno
A oferta de carnes no mercado interno deverá apresentar recuperação neste ano e pode atingir o maior nível na série histórica. De acordo com o quadro de suprimentos, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), somando os três principais tipos de proteína animal consumidos pelos brasileiros, a quantidade do produto no mercado doméstico está projetada em 20,77 milhões de toneladas, um aumento de 5% se comparado com volume estimado em 2022.
“Esse cenário contribui para uma tendência queda nos preços, o que já começa a ser percebido no mercado como mostra a pesquisa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor [IPCA] divulgado, em março, pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]”, pondera o presidente da Companhia, Edegar Pretto.
Com a maior produção, a disponibilidade per capita também cresce, atingindo 96 quilos por habitante no ano – segundo maior índice já registrado, sendo inferior apenas a 2013. O incremento no indicador ocorre mesmo com o crescimento da população brasileira.
Fonte: Assessoria de Imprensa