Na noite de ontem (28), o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio Grande do Sul, anunciou que o governo Lula vai retirar o patrocínio do Banco do Brasil à Agrishow. A decisão é uma retaliação política ao agronegócio brasileiro em função da polêmica envolvendo o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro.

Durante a semana, o ministro disse que se sentiu “desconvidado” de comparecer à abertura do evento após ser comunicado da presença do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro – presidente de honra do Partido Liberal (PL) – e do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos – SP), também no dia da abertura. Após o caso, Fávaro ainda comparou, na última quinta-feira, o terror que o MST leva às famílias do campo quando invade terras produtivas aos atos de 8 de janeiro. Nas palavras dele, “Invasão de terra não pode ser concebível e é tão grave quanto invadir o Congresso Nacional”.
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A Agrishow é a maior feira agropecuária da América Latina e ocorre anualmente na cidade de Ribeirão Preto/SP. Com a retirada do patrocínio, políticos e economistas se manifestaram contra o uso político do Banco do Brasil. Nas palavras do senador Sergio Moro (União Brasil – PR), que integra a Frente Parlamentar da Agropecuária, “Chama-se autoritarismo a ameaça do Governo de cancelar a participação do Banco do Brasil no Agrishow”.
Marina Helena, economista e ex-diretora de Desestatização e Desenvolvimento dentro do Ministério da Economia durante o governo Bolsonaro, também criticou a decisão, questionando se “nossos impostos e as estatais só servem pra financiar o projeto de poder do governo de plantão”. A fala se deu em resposta ao ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Segundo ele, “Se a Agrishow não quer o governo federal no evento, (talvez o) Banco do Brasil (não deva) continuar patrocinando o evento”.
O deputado federal Mário Frias (PL – RJ), que foi ministro da cultura durante o governo Bolsonaro, também se manifestou. Em sua fala, ele questiona se “O Banco do Brasil estaria sendo usado para fazer política? Não seria isso violação da moralidade e impessoalidade administrativa?”. E conclui dizendo que “Caso se confirme a retirada do patrocínio, algum parlamentar poderia convocar o ministro para prestar esclarecimentos”.