Durou algumas horas a invasão do MST às terras da Embrapa Semiárido em Petrolina, Pernambuco, onde se inicia nesta terça-feira (01) o Semiárido Show. O evento, é uma grande feira de inovação tecnológica voltada para a agricultura familiar da região. O objetivo é facilitar o acesso aos conhecimentos, informações e tecnologias adquiridas pela Embrapa e instituições parceiras.
No dia 31, um grupo de integrantes do movimento invadiu novamente a propriedade, que já havia sido alvo de invasão em abril. Ao todo, 1.550 pessoas participaram do protesto. O argumento, segundo o MST, é que o governo descumpriu o acordado com o movimento.
“Nós elegemos o governo Lula e precisamos que o ministério cumpra seu papel em atender as demandas da reforma agrária e possam cumprir as políticas voltadas para os movimentos sociais e não somente servir os interesses do agronegócio.” – menciona Jaime Amorim, da direção do MST no estado.
Mais tarde, ainda no dia 31, a Frente Parlamentar da Agropecuária divulgou nota oficial, chamando a atenção da sociedade sobre a retomada das invasões de terras no Brasil. Conforme a nota, a “invasão de terras é crime previsto na Constituição Federal”, e que o ato em Petrolina “não é apenas um atentado a propriedade privada, mas a cada cidadão brasileiro. Trata-se de área preservada de uma das mais importantes e emblemáticas empresas brasileiras, referência mundial de pesquisa e tecnologia.” Ainda na nota, a FPA afirma que seguirá contra qualquer tipo de invasão. A Frente diz ainda que a pacificação no campo passa por políticas públicas de qualidade, “mas também por ações sérias e contundentes, que se não surgem do Executivo, surgirão do Legislativo e de quem defende, de fato, o território nacional e a propriedade privada no Brasil”.
Entretanto, no mesmo dia, após a invasão, o MST anunciou a retirada, após conversa com o Governo Federal. Em nota, o movimento afirma que a retirada da área da Embrapa ocorreu “após a retomada do diálogo com representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que se comprometeu a cumprir os acordos firmados ainda no último mês de abril, após as famílias Sem Terra terem ocupado a Embrapa em Petrolina, em reivindicação por Reforma Agrária na região.”
Veja os pontos acordados entre o MST e o Governo Federal:
- O MDA ficou de apresentar até amanhã (01/08) uma relação de áreas de terras devolutas no estado;
- Vistorias e desapropriação de áreas na região para assentamentos das famílias acampadas: o Incra dá dar resposta amanhã (01/08), sobre quando deverá iniciar às vistorias;
- Sobre as usinas da região da zona da mata pernambucana, se comprometeram a construir soluções para a desapropriação de terras de usinas falidas;
- Evitar despejos de áreas de assentamentos já constituídos, em particular os da Zona da Mata Sul;
- Buscar solução para resolver os conflitos em Amaraji, sobre os engenhos da Rede Grande e Devaneio;
- Criação de Projetos de desenvolvimento na área da comercialização de alimentos das áreas da reforma agrária;
- Recriação da superintendência do Incra de Petrolina: o Ministro Paulo Teixeira reassumiu o compromisso de recriar a superintendência.