Por Suélen Cristina da Silva Moreira, Difusão Agrícola Consultoria e Pesquisa Agropecuária, suelenmoreira@difusaoagricola.com.br; Claudemir Marcos Theodoro; Vinícius de Oliveira Barbosa; Cristieli Vanzo Oliveira, Fundação de Apoio a Pesquisa Agropecuária de Chapadão
A cultura da soja nos últimos anos tem sido atacada por moluscos (lesma e caracol) sendo necessárias intervenções emergenciais com a finalidade de proteger o estande e mesmo o desenvolvimento das plantas (Ávila, 2017).
A maioria dos casos de controle de lesmas e dos caracóis tem sido realizado com iscas atrativas à base de metaldeído.
No entanto, essas iscas moluscicidas comerciais contendo este ingrediente ativo não são recomendadas para uso na agricultura e são registrados apenas para uso domissanitário, ou seja, apenas, para o controle destes gastrópodes em áreas urbanas como residências e jardins.
Porém, existem outras iscas, à base de fosfato férrico, indicadas para o controle de lesmas e caracóis em áreas extensivas de cultivo em decorrência de sua especificidade, alta eficiência de controle e prolongado efeito tóxico.
Essa isca deve ser preferida para o controle desses gastrópodes na agricultura, por apresentar registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o que permite uma recomendação técnica e segura do ponto de vista legal.
Com objetivo de avaliar a eficiência agronômica de fosfato férrico isca atrativa sobre o controle de caracóis, foi realizado um experimento durante a safra 2021/2022, em Chapadão do Céu/GO.
O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com cinco tratamentos, constituídos de quatro repetições, com parcelas de 44,1 metros quadrados.
Realizou-se uma aplicação, a lanço, dos tratamentos sobre a cultura da soja, comparando-se a eficiência de fosfato férrico, com o princípio ativo metaldeído, usualmente utilizado para controle de lesmas e caracóis na soja, na falta de alternativas e produtos registrados.
Os tratamentos utilizados e suas respectivas doses de ingrediente ativo por hectare (g.i.a./ha) foram os seguintes: T1) – Testemunha; T2) – fosfato férrico, 60 g.i.a./ha; T3) – fosfato férrico, 90 g.i.a./ha); T4) – metaldeído, 100 g.i.a./ha; 5) – metaldeído, 150 g.i.a/ha.
A avaliação de eficiência do produto foi realizada efetuando-se a contagem de caracóis vivos, em dois metros lineares de quatro fileiras de soja, no centro da parcela, na prévia e aos 3, 7, 15 e 21 dias após aplicação (DAA).
A eficiência agronômica foi calculada pela fórmula de Abbott (1925).
Realizou-se avaliação da produtividade, colhendo-se duas linhas de dois metros de comprimento no centro das parcelas, transformando-se o valor obtido em sacas por hectare (60 quilos) e ajustado a 13% de umidade.
Os dados foram transformados em Raiz de X + 0,5, sendo comparados através do teste de Tukey a 5% de probabilidade, com auxílio do programa SasmAgri (Canteri et al. 2001).
Através da contagem do número de coracóis vivos, verificou-se na prévia e aos 3 DAA que os tratamentos foram semelhantes entre si (Tabela 1).
Tabela 1. Eficiência de moluscicida no controle de caracóis na soja, na prévia e aos 3, 7, 10, 15 e 21 dias após a aplicação (DAA). Chapadão do Céu/GO, safra 2021/2022
No entanto, a eficiência de controle já se encontrava acima de 42,7%, nessa avaliação.
Já aos 7 DAA, se notou que todos os tratamentos se apresentaram diferentes da testemunha e semelhantes entre si (Tabela 1).
Ao passo que aos 10 DAA a eficiência de controle variou de 60,7% a 78,3%, sendo os tratamentos significativamente semelhantes entre si, não diferindo estatisticamente da testemunha (Tabela 1).
Após 15 DAA os tratamentos T3 (fosfato férrico, 90 g.i.a./ha) e T5 (metaldeído, 150 g.i.a./ha), apresentaram eficiência de controle acima de 80% (Tabela 1), nível de controle considerado satisfatório nos estudos de eficácia de produtos fitossanitários.
Porém, os tratamentos não apresentaram diferença estatística nessa avaliação. Por fim, aos 21 DAA, os tratamentos se apresentaram diferentes da testemunha e semelhantes entre si (Tabela 1).
Produtividade
Na avaliação de produtividade, embora não se tenha verificado diferença estatística, observou-se que todos os tratamentos proporcionaram acréscimo acima de 1,87 saca de soja a mais por hectare (Figura 1).
De acordo com os resultados obtidos, observou-se que o princípio ativo fosfato férrico, em aplicação a lanço, nas doses de 60 g.i.a./ha e 90 g.i.a./ha, foi eficiente para o controle de caracóis na cultura da soja, sendo semelhante ao padrão metaldeído, quando utilizado nas doses de 100 g.i.a./ha e 150 g.i.a./ha (Tabela 1).
Sendo assim, o fosfato férrico, pode ser recomendado para manejo de controle de lesmas e caracóisna cultura da soja. As iscas à base de fosfato férrico são as únicas que têm recomendação para o controle de lesmas e caracóis na agricultura e que, portanto, tem registro no Ministério da Agricultura (Agrofit, 2020).