A alegação que seriam os próprios produtores de cana que estariam ateando fogo aos seus canaviais nas lavouras paulistas é refutada com veemência pelas lideranças do segmento de biocombustível e do agro em geral.
Como Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Ele abordou essa acusação infundada e também sobre a relevância do segmento de biocombustível para o agro brasileiro e à sustentabilidade ambiental ao programa A Granja na TV de terça-feira, 24, veiculado pela Ulbra TV.
“97% a 99% das queimadas são criminosas”, estimou.
“A irresponsabilidade de você chegar num período de estiagem, jogar um cigarro, por exemplo, numa palhada destas, é fogo na certa. E fogo que às vezes ninguém controla. Fogo que realmente extrapola limites”, avaliou.
“Mas há quem faça propositadamente, até para provocar, pelos motivos mais diferentes, de ciúmes, de raiva do produtor, ou uma briga pessoal”, lamentou.
“Mas posso dizer que não é regra, longe disso que o produtor rural aceite passivamente estas práticas, que são perversas, nocivas, prejudiciais à preservação do solo”.
“Então é claro que acompanhamos com muito cuidado. E toda a medida tomada para apagar incêndios, coibir incêndios, punir os incendiários criminosos que existem neste país é para nós uma coisa bem vinda que nós aplaudimos”, disse.
Ignorância sobre o agro
“Não sei se devíamos perdoar a ignorância. Há muito de ignorância, desconhecimento sobre o setor no Brasil inteiro. Por isso nos punem sobre o uso de agroquímicos, os ‘agrotóxicos’, o nome que procuram levar para sempre. E também o exemplo das queimadas”, mencionou.
“Queimada para nós do agronegócio é uma coisa do passado. Mesmo para a produção, a plantação, a criação animal hoje é desprezível, desnecessária, porque toda esta matéria orgânica produzida no solo e que se mantenha no solo e ajuda a preservar o solo, a dar mais produtividade. E é isso que é uma busca diária, então, o produtor é inimigo das queimadas, o produtor é inimigo de toda a parte nociva. Não é verdade que somos culpados por isso”.
“O produtor é o mais interessado hoje em produzir mais, ter mais produtividade, ser competitivo. Ninguém vence no mundo sem ser competitivo. E para ser competitivo, naturalmente, a produtividade é o elemento mais importante”, garantiu.
Fome
Turra avaliou também o momento em que a humanidade está atravessando.
“Estamos vivendo um tempo bem diferente. Mudanças climáticas, mas os Cavaleiros do Apocalipse estão aparecendo. Fogo, água, guerra… naturalmente, se a gente descuidar depois vem a fome. E, efetivamente ninguém pode dimensionar o prejuízo que o Sul teve com as enchentes, assim como nós não podemos imaginar o que aconteceu com o fogo que entrou no Centro-Oeste e se espalhou até na região Amazônica. Enfim, uma calamidade a estiagem que acontece”, analisou.
Riquezas do Brasil
“É claro que nós que acompanhamos os biocombustíveis, vendo que a solução energética é efetivamente isso, menos dependência da energia fóssil e mais uso da bioenergia. A bioenergia e os alimentos são as riquezas do Brasil”.
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Segundo ele, tanto a enchente quanto o fogo comprometem a produção agrícola e prejudicam o meio ambiente.
“Só o biodiesel ao longo de 15 anos utilizou de soja e preservou de emissões de gás de efeito estufa equivale a 960 milhões de árvores plantadas”, exemplificou.
Turra lembrou ainda que recentemente quando foi aprovado o projeto de lei de combustíveis do futuro, se imaginou em mais e novas alternativas energéticas, além de segurança jurídica para os atuais etanol e biodiesel.
Confira a entrevista completa no link abaixo. Assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, edição de terça-feira, dia 24 de setembro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)