Nesta semana, pela primeira vez em 16 meses, houve declínio no preço da carne bovina para o consumidor, embora discreta. Os dados estão na prévia do IBGE.
Só para exemplificar, a arroba do boi gordo saiu de R$ 300,00 a R$ 310,00 e foi para R$ 260,00 em SP. “Então, foi uma queda aproximada de 50,00/@”, afirma Fernando Iglesias, consultor da Safras & Mercados.
Consumo interno
Entretanto, a baixa ainda não chegou ao varejo. “E quando chegar não será com a mesma intensidade que foi para o atacado”, prevê Iglesias.
Mas, o consultor sinaliza que os valores ficarão atrativos o suficiente para melhorar o acesso ao produto. “Portanto, há perspectiva de aumento na demanda no varejo. Isso pode contaminar as outras proteínas, inclusive.”
Mercado pressionado

Segundo o analista, o movimento está atrelado à situação do mercado devido ao embargo chinês à carne brasileira. “Isso gerou uma série de transtornos no mercado doméstico”, disse, em entrevista exclusiva à Thais D’Avila, para o portal A Granja Total Agro.
Então, o que acontece? O setor está pressionado neste momento. “O preço da carne derreteu. Há frigoríficos disponibilizando, para consumo interno, os estoques que deveriam ir para exportação.” De acordo com o consultor, isso acentua a pressão sobre os valores da carne no atacado.
China
Iglesias estima que deve levar de 20 a 40 dias para que o mercado entre no eixo normal. “Isso após a China voltar a comprar a carne brasileira. Só então haverá espaço para reajustes mais consistentes.”
Ele ressalta a questão de toda a logística, travada no momento, e que vai prejudicar o retorno ao ritmo. “Os frigoríficos estão com as câmaras frias lotadas. Há cargas em trânsito que precisam ser alocadas. Tudo é uma preocupação grave para quando houver a retomada.”
Há fila de proteína vermelha estocada nos frigoríficos que precisa ser despachada nos portos. “A partir do momento em que a China reabrir, a prioridade é despachar a carne que está estocada. Só depois que isso for resolvido, os frigoríficos vão atuar na compra de gado, buscando animais padrão China”, explica.
Para ele, enquanto esta logística não for resolvida, os frigoríficos não vão buscar novos animais para colocar na escala. Iglesias afirma que não há evidências de que a China vá remover o embargo no curto prazo.
“Torcemos para que aconteça logo, pois os prejuízos para a agroindústria são amplos. Além disso, haverá consequências de médio e longo prazo para a pecuária de corte aqui no Brasil.”
Fernando Iglesias
Foto da capa: Wenderson Araújo/CNA
2 Comentários
Quero que eles se resolvam da melhor maneira, pra que a população tmbm tenha acesso à proteína, com preços bem acessíveisso. Ta
Torcemos para que o produto sempre chegue ao consumidor. Abraço