A importância da diversificação de cultivos em propriedades produtoras de grãos é o tema da reportagem de capa da edição de novembro da revista A Granja. Matéria da jornalista Denise Saueressig apresenta recomendações de especialistas e relatos de produtores que adotam sistemas diversos em suas áreas.

Esquema
É o caso do engenheiro-agrônomo Ernesto Pyles, agricultor de Santa Bárbara d’Oeste/SP. Na fazenda Rochele, são plantados soja e milho na safra de verão em rotação, além de uma parte de adubos verdes, em áreas que irão receber o plantio do milho de segunda safra entre o final de janeiro e o início de fevereiro. Nesse esquema, em que predomina o cultivo de crotalária, a produção de massa é intensificada. O que ameniza os efeitos do forte calor característico da região.
“É perceptível uma melhoria geral do sistema, com redução de compactação e aumento de matéria orgânica no solo. A planta de milho é visivelmente mais sadia, e a lavoura requer menos adubos e defensivos.”
Ernesto Pyles
Na segunda safra, ainda é cultivada aveia branca como cultura comercial. O planejamento para o ciclo 2022 inclui áreas com grão de bico, girassol e milheto. Este tem demanda crescente por empresas de ovos que buscam alternativa ao tão valorizado milho.
Integração
Fauro Loreto da Rocha é outro exemplo de produtor dedicado à diversificação. Há cerca de seis anos, a integração lavoura-pecuária (ILP) foi intensificada na Agropecuária São Miguel, em Santa Bárbara do Sul/RS. Até então, o sistema era basicamente cultivado com soja na safra de verão e trigo no ciclo de inverno.

Agora, o gado entra em dois momentos distintos nas áreas de grãos. Em um deles, os animais permanecem em pastejo com capim-sudão, milheto e sorgo até o final de dezembro. Ali ainda é possível plantar uma safrinha de soja.
No ciclo de inverno, um terço da área é plantada com trigo de duplo propósito. Outro terço recebe um mix de plantas de cobertura. O último espaço é cultivado com outras culturas, como ervilhaca, centeio, aveia branca e aveia preta.
Nesse esquema, o rebanho passa por um terço da área a cada ano, completando a rotação em um período de três anos. “O gado oferece mais estabilidade ao sistema e favorece a antecipação do plantio da soja, melhorando o nosso operacional”, garante o produtor.
“Também ajuda a aumentar a vida no solo pelo aspecto biológico. Se cavocarmos com as mãos, conseguimos encontrar minhocas na terra.”
Fauro Loreto da Rocha
A utilização de cama de aviário e de pó rocha reduziram em 50% o uso de adubos químicos na safra que está sendo cultivada. Na área que recebe o mix de culturas de cobertura, a produtividade média da soja na safra subsequente fica, em média, 15 sacas acima das demais áreas. “Considerando que o gasto com sementes é de cerca de R$ 150,00 por hectare, o custo é muito baixo perto do retorno”, calcula Rocha. Segundo ele, nas áreas em que o gado permanece, a rentabilidade já alcançou entre 30 e 40 sacas/hectare com a colheita do trigo e com a produção de carne.