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Entrevista Atualização:18/11/2021

Tradição acompanhada pela inovação

Carla SantosPublicado por Carla Santos18/11/2021Atualização:18/11/2021Nenhum comentário9 Min de Leitura

O legado deixado pelo pai, Gasparino Soldera, é motivação para os irmãos Adenir (à esquerda) e Devair (à direita) no trabalho que valoriza novas tecnologias aliadas a práticas consolidadas. Nas terras da família em Panambi, Nova Ramada e Pirapó, no Noroeste do Rio Grande do Sul, o tradicional cultivo de grãos é parceiro da criação de gado em um sistema que resulta em benefícios mútuos. Referências em integração lavoura-pecuária (ILP) na região, os produtores colhem os bons resultados dessa associação. Ao mesmo tempo, projetam a continuidade dos investimentos em inovações. Adenir conta que o esforço por melhorias contínuas na produção anda em paralelo ao encaminhamento da sucessão na liderança dos negócios, com o preparo da nova geração da família.

Reportagem de Denise Saueressig

A Granja – Qual é a trajetória da família na agropecuária?

Adenir Soldera – Nosso pai começou a trabalhar com nossos tios na década de 1960, na propriedade em Panambi. Eram tempos bem diferentes, claro, de muitos desafios para as famílias. Lembro que ele nos contava que precisava caminhar uns 700 metros para buscar água em um balde para os animais. Então, prometia que, se um dia tivesse um palmo de terra, iria construir a casa sobre a sanga. Com o tempo, quando ele conseguiu adquirir sua parte da terra, construiu um poço dentro da casa que existe até hoje. Naquela época, era cultivado o trigo sobre os campos nativos. Com o passar dos anos, as plantadeiras foram adaptadas para iniciar o cultivo de soja na safra de verão. Havia dificuldade no preparo da terra, porque ainda não existia o plantio direto.

A Granja – Como foi o início do seu trabalho nos negócios e como é a administração atualmente?

Soldera – Cresci vendo o exemplo do meu pai. Então, para mim, foi natural gostar de estar no campo e seguir seus passos. Terminei a faculdade de Agronomia em Santa Maria (RS), em 1988, Trabalhei por cinco meses na cooperativa Cotripal, em Panambi. Sabia que meu pai estava precisando do meu apoio e voltei para casa. Entre o fim de 1989 e início de 1990, iniciamos aos poucos o plantio direto, mas com adaptações, com plantadeira convencional. Em 1992, nosso pai adquiriu uma plantadeira específica e, aí, o sistema começou a melhorar. Em 1995, aos 57 anos, nosso pai faleceu. Eu tinha 31 anos na época, sou o mais velho de quatro irmãos. Meu irmão, Didi (Devair), que também é engenheiro-agrônomo, tinha 26 anos. Esse período entre 1989 e 1995, em que trabalhei ao lado do meu pai, foi essencial para o meu aprendizado, uma experiência fantástica. Tanto que, no dia em que ele faltou, eu sabia o que precisava pagar, o que tinha para receber. A faculdade para mim foi importante. Mas a escola da vida foi ainda mais. Atualmente, o Didi e eu estamos à frente dos negócios. Nossas duas irmãs casaram e nossos cunhados também participam, cada um com suas funções.

A Granja – Quais foram as principais dificuldades nesse período de transição, depois da perda precoce do pai?

Soldera – Até aquele momento, tínhamos uma pessoa visionária à frente dos negócios. De repente, vimo-nos como os responsáveis pelas decisões. Lembro que, logo após o falecimento do nosso pai, lamentamos que nosso esteio tivesse ido embora. Mas nossa mãe, uma pessoa muito forte, incentivou a não nos abalarmos e a seguirmos em frente. Conversamos e refletimos que era preciso manter os pés no chão, mesmo que – nos primeiros anos – o crescimento não fosse significativo. Nosso pai nos dizia para irmos devagar, porque perder é bem mais fácil do que conseguir conquistar algo. Ele nos falava que ele não tinha o que perder quando iniciou, ao contrário de nós. Seguimos trabalhando com esse pensamento, com seus ensinamentos. Tomamos esse rumo e fomos crescendo. Eu já sabia como conduzir boa parte das coisas. E o restante é a vida que ensina, que nos dá uma aula todos os dias. Também cabe a nós estarmos sempre abertos para os aprendizados e as mudanças.

A Granja – Como acontece o processo de incorporação de novidades nos negócios nos últimos anos?

Soldera – O Didi gosta muito de buscar inovações. Procuramos sempre conversar antes de tomarmos as decisões. Depois de consolidarmos o plantio direto, continuamos evoluindo na incorporação de tecnologias. Há 12 anos trabalhamos com ferramentas de agricultura de precisão nas nossas áreas. O gado sempre esteve presente no sistema como uma atividade secundária. No entanto, em 2005, pensando em agregar valor à pecuária, iniciamos oficialmente com a Cabanha Soldera, da raça Angus. Em 2015 fomos incentivados a participar da Expointer e vencemos com o melhor trio de fêmeas e com a melhor fêmea. Continuamos investindo na cabanha e mostramos que também é possível trabalhar com a pecuária em uma região essencialmente agrícola. Hoje estamos colhendo os frutos e investindo de forma conjunta na agricultura e na pecuária.

A Granja – Qual é o perfil da atividade pecuária atualmente?

Soldera – Na cabanha, trabalhamos com a venda de reprodutores, de novilhas e de gado geral para o abate. As melhores fêmeas são escolhidas como futuras matrizes. Inicialmente, criávamos apenas gado Angus e, em 2018, incorporamos também a raça Brangus. Realizamos vendas diretas, em exposições e em leilões em parceria com outros criatórios. Agora, estamos pensando na realização de um leilão particular em 2022 ou em 2023.

Observamos, nos últimos cinco anos, um incremento anual de 2,5% na produtividade da soja nas áreas que receberam o gado anteriormente.

A Granja – Como é estruturada a integração lavoura-pecuária?

Soldera – A integração foi intensificada nos últimos anos nas áreas em Panambi e em Nova Ramada. Só em Pirapó é que temos apenas a pecuária. Na safra 2019/2020, 59,49% da área plantada teve pecuária no inverno. No verão, plantamos soja e milho e, no inverno, trigo, cevada, aveia e um pouco de capim-sudão. Essas áreas de inverno procuramos rotacionar. Só não é possível em alguns locais, como os que precisam ser cercados e estruturados para o gado. No verão plantamos 90% de soja e 10% de milho, sendo que essa área com o cereal é alterada todos os anos. O ideal seria ampliar o cultivo de milho. Entretanto, por uma questão de segurança financeira, investimos mais na soja. Temos um projeto de irrigação para as próximas safras e que deverá ser utilizado em um terço da área. Se já tivéssemos esse ano com os pivôs, teríamos ampliado o cultivo do milho, porque a cultura está com preços bons. Mas em função das dificuldades das indústrias com o fornecimento de equipamentos e insumos, o início da irrigação ficou para a safra que vem. Os pivôs também vão nos ajudar com a pecuária, irrigando parte das pastagens.

A Granja – E quais são os principais benefícios obtidos com a ILP?

Soldera – Observamos, nos últimos cinco anos, um incremento anual de 2,5% na produtividade da soja nas áreas que receberam o gado anteriormente. E isso vem ocorrendo mesmo em safras de pouca chuva. Se considerarmos todo o sistema, o aumento de lucratividade no ano pode variar entre 10% e 12%. A integração favorece a incorporação de matéria orgânica nas camadas mais profundas do solo. Cada corte feito pelo gado ajuda a multiplicar as raízes, favorecendo processos como a maior infiltração de água. Na última safra, nossa média ficou em torno de 74 sacas por hectare considerando as áreas nas duas propriedades. Mas em alguns pontos já alcançamos rendimentos acima de 100 sacas por hectare. A presença dos animais também permite a antecipação do plantio da soja. Para a nossa região, é comprovado que, a cada dez anos, em oito vamos colher mais na soja plantada mais cedo do que na soja plantada a partir de 15 de novembro. Também colhemos antes de começar a baixar as temperaturas e, assim, fazemos uma aplicação a menos de fungicida, ou seja, temos redução de custos. Existe o paradigma de que a integração pode favorecer a ocorrência de problema radicular, como a podridão da haste, mas se fizermos o manejo bem feito, com a quebra da área compactada de cima do solo, não temos esse problema. Para o gado, a principal vantagem é a grande oferta de alimento com o plantio de aveia depois da colheita da soja. Em campo nativo, enfrentamos frio e geada no inverno, e os animais vão emagrecendo. Hoje, sem suplementação, conseguimos um ganho de peso entre 1 e 1,2 kg/dia. Nossa lotação é de 800 quilos/animal por hectare, mas temos um projeto bem audacioso para os próximos anos de ampliação da lotação. É um trabalho baseado na diversificação da alimentação do rebanho.

Queremos continuar crescendo em produtividade com a introdução da irrigação e com o projeto de diversificação da alimentação do rebanho

A Granja – Quais são os principais projetos da família para os próximos anos?

Soldera – Entendemos que as inovações da tecnologia vieram para nos ajudar, e nosso objetivo é continuar trabalhando pela nossa evolução. Buscamos melhorar, cada vez mais, a qualidade genética dos nossos animais. Já fomos duas vezes aos Estados Unidos buscando esse aprimoramento. Também queremos continuar crescendo em produtividade com a introdução da irrigação e com o projeto de diversificação da alimentação do rebanho. Outra questão que está no nosso foco é a sucessão, a introdução da nova geração da família nos negócios. Temos uma assessoria que vem nos ajudando e, enquanto pudermos, estamos dando suporte nesse processo. Temos o legado do nosso pai e seguimos o que ele nos ensinou. São dois sobrinhos veterinários e três sobrinhos agrônomos que estão encaminhados. Um dos meus sobrinhos que é médico-veterinário cuida do nosso campo em Pirapó. Claro que não existe nenhuma obrigação. Mas procuramos provocar o interesse e avaliar o que eles podem agregar de positivo aos negócios. Não existe forçar ninguém, tanto que as minhas duas filhas optaram por não trabalhar na área. Mas procuramos dar o exemplo, buscando fazer as coisas da melhor forma possível. Sempre digo que entre fazer as coisas bem feitas e mais ou menos, a diferença é pequena, mas o resultado final será grande.

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Editora do portal A Granja Total Agro. Jornalista formada pela PUC-RS, com extensão em Estratégias de Marketing para Redes Sociais pela ESPM.

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