Depois de um ano atípico, com falta de maquinário novo no campo, há luz no horizonte. Segundo Marcelo Kozar, diretor executivo da Via Máquinas, a recomposição do segmento, que era prevista para o segundo semestre de 2022, vai se adiantar para o primeiro. Entretanto, em entrevista exclusiva ao Portal A Granja Total Agro ressalta: “Em 2021, as usadas é que mantiveram a atividade do agronegócio.”
Agora a expectativa é de que as vendas das zero Km voltem à normalidade. “As fábricas estão trabalhando para isso. Com a oferta, o preço deve diminuir”, prevê. O executivo explica que tudo começou com o lockdown.
O otimismo do executivo sobre a volta à normalidade deve-se à redução no prazo de entrega dos pedidos programados de fábrica. “Diminuiu de seis para quatro meses. Isso aconteceu há 30 dias e já melhorou o cenário. Em breve, passará a três meses”, adianta.
Feiras
Outra expectativa positiva é o reinício das feiras. “O calendário de grandes eventos começa com a Coopavel, em Cascavel, SC (de 7 a 11 de fevereiro); e termina na Expointer, em Esteio, RS, (entre 4 e 12 de setembro/22).”
Ele cita também as feiras menores. “Nesses dois ambientes, vamos perceber a força e resiliência das fábricas. A participação delas vai mostrar que têm produto a entregar. Será muito interessante acompanharmos como será essa retomada.”
Conforme Kozar, quem gosta e monitora o mercado de máquinas e equipamentos, tem de ver como fabricantes vão se manifestar nas feiras. O que será um termômetro do setor.
Histórico
Em 2021, a falta de peças estendeu o tempo de entrega dos produtos novos. O que levou os clientes que demandavam esses produtos a buscar usados. “Como não estavam familiarizados com este mercado, pagaram muito caro por eles. Isso inflacionou o segmento.” Kozar afirma que a valorização chegou a 40%, o que provocou uma distorção no setor.
Segundo Kozar, essa taxa é muito alta para o segmento, que trabalha com custo entre 7% e 8% a.a. “Além disso, os bancos reduziram o prazo para 2 a 3 anos.”
Por outro lado, os usados ficaram sem linhas de crédito. Isso porque o produto foi muito inflacionado por conta dessa bolha e da inflação pela falta de produtos. “Não é o momento de financiar usados porque a máquina está com 40% de inflação devido à falta de mercado. Aí o banco acaba ficando com uma garantia que não vale o dinheiro emprestado.”
Ele diz, no entanto, que, no curtíssimo prazo, foi positivo. “Porque se vendeu mais. Mas não é bom que esta instabilidade se mantenha. No máximo por um ano e, depois, precisa voltar ao normal ou desestabiliza o mercado, trazendo dificuldades.”
Juros
No entanto, de acordo com Kozar, a taxa de juros deve cair somente no segundo semestre. “A menos que o governo federal faça um aporte maior no Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais (Finame) ou no Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota). Se houver isso, os clientes migram.”
Aí, segundo o empresário, os bancos acabam pressionados a baixar os juros. “Ou não vão emprestar seu dinheiro.”