O ano que se encerra foi marcado por grandes resultados consolidados no mercado brasileiro da soja. Além das exportações fortes, os preços foram sustentados por Chicago e pelo dólar. “O segmento tem potencial produtivo recorde e está de olho em um 2022 promissor. Mas também incerto frente à piora climática registrada no último mês do ano.” A declaração é do analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
Estoque
No Brasil, 2021 começou com um estoque de passagem de soja extremamente baixo. Também houve atrasos na colheita por causa de problemas registrados no período de plantio da safra 2020/21. Apesar disso e da incidência do fenômeno La Niña, a produção brasileira conseguiu alcançar um novo recorde produtivo.
Segundo Roque, esta grande safra foi suficiente para recuperar os estoques ao longo do ano, reequilibrando o quadro de oferta e demanda. “Apesar disso, a entrada desta superprodução acabou pesando pouco durante as primeiras semanas de colheita, levando em conta os baixos estoques de passagem”, disse.
Quando a entrada da safra começou a pesar sobre os prêmios, o USDA trouxe uma surpresa ao indicar uma área a ser semeada com soja nos Estados Unidos inferior ao que o mercado esperava. Isso deu fôlego para os contratos futuros em Chicago a partir do final do mês de março.
Preços
Nas semanas seguintes, Chicago voltou a trabalhar acima da linha de US$ 16,00 por bushel, o que não ocorria desde meados de 2013. Além disso, o dólar se valorizou em relação ao real. Estes fatos impulsionaram os preços brasileiros, que atingiram novos recordes em abril. Ou seja, no auge da entrada da safra.
“Daí para a frente, Chicago continuou trabalhando de olho no tamanho da nova safra dos EUA. Internamente, a grande disponibilidade de soja impediu que os preços continuassem subindo. O que abriu espaço para correções negativas ao longo dos meses de maio e junho”, explica o analista.
Além disso, Chicago perdeu força diante de um bom desenvolvimento da colheita norte-americana, mesmo com problemas em alguns estados. “A safra dos EUA se consolidou como a segunda maior da história daquele país, o que trouxe recuperação para os estoques norte-americanos. Os contratos futuros em Chicago, agora mais pressionados com a recuperação dos estoques, voltaram para o patamar de US$ 12,00 por bushel.”
Exportações
Roque observa que, apesar disso, novas valorizações do dólar sustentaram os preços brasileiros no segundo semestre. Preços elevados e o forte consumo, além da grande rentabilidade da soja, voltaram a incentivar produtores brasileiros a aumentar suas áreas na nova safra. Isso gerou uma nova área recorde.
O movimento positivo observado entre setembro e novembro permitiu um forte avanço dos trabalhos de plantio nos principais estados produtores do país. O que possibilitou também um bom desenvolvimento inicial das lavouras.
A partir daí, todas as atenções se voltaram para o clima. Principalmente devido ao segundo ano consecutivo de incidência do fenômeno La Niña.