Artigo de Anderson Lange*
Os preparativos para a Safra 2022/2023 já estão em andamento, embalados pela perspectiva de uma nova supersafra em 2022 (289,8 milhões de toneladas de grãos, conforme 2º levantamento da Conab). Por ora, o maior desafio se concentra no controle de custos.
Todos os produtores têm apresentado grande preocupação com a aquisição de insumos. Principalmente pelo aumento dos preços, pela instabilidade da entrega do produto adquirido e pelas incertezas no mercado.
Na tomada de decisão, algumas estratégias podem ser tomadas para garantir a correta nutrição das plantas, sem prejudicar seu desenvolvimento:
1°) Realize uma coleta criteriosa de solo: Faça a divisão dos talhões em “manchas” ou zonas de manejo e as conduza, ano a ano. Leve em consideração critérios como mapas de produtividade, de variabilidade textural do solo (argiloso, médio ou arenoso), altimétricos ou, se nenhuma dessas ferramentas for acessível, divida os talhões com um critério visual. O ideal é trabalhar com zonas de 30 a 40 hectares. Realize a coleta de solo retirando em torno de 20 pontos por zona.
2º) Envie suas amostras para um laboratório de análise de solo de sua confiança: Escolha um bom laboratório e envie suas amostras (envie sempre ao mesmo, preferencialmente, pois há variações metodológicas e estruturais). Uma sugestão é enviar, também, amostras “controle”, coletas de volume de solo em um recipiente grande (ex: tambor de 50 litros). Faça três amostras controle: de solo argiloso cultivado, de solo arenoso cultivado e de solo de mata.
3º) Faça uma interpretação criteriosa de seus resultados analíticos de solo: Procure alguém com conhecimento na sua região, com experimentos e estudos que embasem a melhor decisão e recomendação agronômica, de forma customizada. Ao longo do tempo, certamente o produtor pode melhor distribuir as doses de calcário e melhor equilibrar as trocas de magnésio, fósforo (P) e potássio (K) nos solos – e até economizar insumos. Para isso, é fundamental a compra de fontes de nutrientes e não formulados, pois cada talhão pode requerer quantias bem diferentes.
Todas essas premissas são aplicadas, com sucesso, em ensaio de manejo da correção do solo e de fertilizantes que conduzimos em uma área próxima a Sinop-MT, com atuais 1.700 hectares amostrados, com calagem bianual. Temos atingido nos últimos 5 anos médias de produtividade de 68 a 73 sacas/ha de soja e 130 a 150 sacas/ha de milho, à exceção da última safra, devido a intempéries climáticas. Há talhões com potencial de 80 sacas/ha de soja e 180 sacas/ha de milho.
Mostra de que a coleta criteriosa de solos, sua submissão a análise laboratorial e interpretação assertiva dos resultados formam um blend de cuidados que agrega valor ao produtor rural e suas atividades.
*Anderson Lange é Doutor em Energia Nuclear da Agricultura, professor na área de Solos e pesquisador pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).