O desabastecimento de insumos e matéria-prima causado pelos dois anos de pandemia afeta diretamente a indústria brasileira. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 72% das empresas encontraram dificuldade ou muita dificuldade para acessar componentes.
O agronegócio – setor que não para – também foi impactado. Apesar da alta demanda em máquinas e equipamentos, as empresas enfrentam problemas para não deixar o cliente na mão.
Espera
Um exemplo de longa espera foi do agricultor Mateus de Jesus Hernandes, de Catalão (GO). Desde setembro, aguarda a entrega de uma máquina pela fábrica.
Seguimos na colheita e ansiosos para receber o maquinário.
O produtor de soja, milho, girassol e sorgo está de olho em outra colheitadeira para a próxima safra e vai antecipar o pedido. “Estamos tentando antecipar a compra de maquinário. Realizei a programação de um equipamento agrícola Case IH 7250, vislumbrando o cenário de preparação para obter mais qualidade e produtividade no campo”, disse.
Produção
É que, apesar da pandemia que paralisou a maioria dos setores, o produtor seguiu trabalhando. Além disso, nos últimos dois anos, houve recorde de grãos na safra brasileira. Foram 289,6 milhões de toneladas somente na safra 2021/2022.
Também houve crescimento de 30% na comercialização de equipamentos, de acordo com a Pivot Máquinas Agrícolas e Sistemas de Irrigação. Porém, com a dificuldade para encontrar peças e componentes importados para concluir a montagem, o produtor precisa se programar mesmo com bastante antecedência.
Segundo Marcilei Faria, gerente corporativo de máquinas agrícolas, a demanda alta refere-se aos investimentos dos produtores. Alguns migraram da pecuária para a agricultura, além da renovação do maquinário.
Aqui em Goiás, predomina o pequeno e médio produtor. Com o aumento da safrinha, temos a melhoria na rentabilidade dos produtores. Aconselho o produtor a se planejar. Aquele que precisar de máquina terá que se programar por falta de disponibilidade.
Cenário positivo
Marcilei Faria explica que o produtor teve um incremento na renda, com sobra de caixa e investe em maquinário. “Alguns clientes estão migrando de um setor para o outro, renovando a frota e aumentando a quantidade de máquinas para realizar a operação de maneira mais rápida e visando aumentar a rentabilidade”, avalia o gerente.
Segundo ele, mesmo com o aumento dos custos, o produtor vai conseguir comprar por conta da produtividade. “Temos uma safrinha pela frente. Portanto, o cenário é positivo. Este ano será muito bom para a comercialização de máquinas agrícolas.”
As revendas precisam fazer uma programação com a fábrica, a fim de conseguir disponibilidade para comercialização. “A partir de fevereiro temos máquinas para entregar. Acreditamos em um ano de mercado similar ao do ano passado.”
Ele afirma, porém, que há uma pequena redução na margem de lucro. “Mas o negócio ainda vai ser rentável. A colheita de soja começou, e o resultado está sendo fantástico, com uma ótima safra. O mercado continua com uma demanda alta, porém, o produtor vai manter rentabilidade e continuar a fazer investimentos”, concluiu Faria.