O tema “A inserção global do agronegócio brasileiro em tempos turbulentos (Guerra Ucrânia x Rússia)” esteve em debate no Fórum Nacional da Soja, nesta terça-feira. O encontro aconteceu na Expodireto Cotrijal e colocou em discussão cenários para o setor.
Além disso, as mudanças climáticas e seus impactos na agricultura também foram destaque. O professor sênior de agronegócio global do Insper e coordenador do centro Insper Agro Global, Marcos Jank, abordou o assunto.
Pandemia
Segundo ele, desde o início da pandemia, houve muitas incertezas que paralisaram parte da economia. Entretanto, o agronegócio continuou produzindo.
De acordo com o professor, a demanda por produtos brasileiros surpreendeu. Ao contrário do que se esperava inicialmente. Em 2021, foram exportados U$ 120,8 bilhões. Ou seja, 20% a mais do que em 2020.
Segundo Jank, esse crescimento nos embarques brasileiros do agronegócio ocorreu especialmente devido à demanda aquecida na Ásia, com destaque para a China na compra de soja e milho. Por isso, vários preços subiram.
Custos
Por outro lado, houve os custos de produtos como glifosato, adubos, máquinas e equipamentos aumentaram. “Também tivemos problemas com suprimento de peças. E, agora, para fechar este ciclo temos esta guerra entre Rússia e Ucrânia”, ressaltou.
De acordo com o especialista, os produtos mais afetados com este conflito são o trigo e os fertilizantes. Em relação ao cereal, os dois países representam juntos 30% da exportação mundial do produto. Lembrou que o Brasil está cada vez mais dependente do mercado em relação aos fertilizantes. “Já que não aumentou a sua produção doméstica e teve queda em termos relativos.”
Conforme Jank, Rússia e Bielorrúsia são os nossos maiores fornecedores. “Tivemos um salto na importação de fertilizantes. Portanto, temos que trabalhar com outros fornecedores porque não tem agricultura sem adubo”, observou.
Desafios
O especialista ainda enfatizou que o produtor precisa pensar no seu dia a dia levando em conta questões como clima, comercialização, riscos institucionais e financeiros. Também citou os principais desafios internacionais para o Brasil no mercado mundial: competitividade, sustentabilidade, acesso a mercados, valor adicionado, melhoria de imagem e internacionalização.
“Em relação ao acesso aos mercados, é preciso brigar para entrar na China, no Sudeste da Ásia, na África, na Índia. E brigar pelo fertilizante, pelo glifosato, ou seja, ter acesso aos suprimentos”, concluiu.