Um acordo de cooperação técnica vai apoiar estudo para a criação de mecanismos de incentivo à redução de emissões de carbono na produção de carne e leite no Brasil. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram, nesta quarta-feira, 23, o documento. Realizada de forma virtual, a cerimônia de assinatura contou com a participação da ministra Tereza Cristina e do presidente do Banco, Gustavo Montezano.
Objetivos
O estudo terá dois objetivos principais: elaborar uma calculadora de análise de ciclo de vida (método que avalia toda a cadeia de produção, desde os insumos utilizados na produção até o produto chegar ao consumidor final). O que vai auxiliar na mensuração e certificação das emissões de carbono para os diversos modelos de produção da pecuária bovina.
A partir desse sistema, propor mecanismos que estimulem estratégias e modelos de negócios voltados para investimentos em tecnologias de baixo carbono. A expectativa é de que, até abril, seja publicado edital de seleção pública para as empresas de consultoria e instituições de pesquisa interessadas em desenvolver o estudo.
“Estamos assinando um acordo de cooperação técnica completamente inovador dentro das práticas de sustentabilidade para a nossa pecuária”, destacou a ministra Tereza Cristina. Segundo ela, essas métricas sempre causam um pouco de receio ao produtor rural.
Conforme Montezano, este foi mais um passo nessa corrida tecnológica do Brasil para a economia verde. “Precisamos construir essa informação da quantidade de carbono para os grandes e pequenos produtores rurais. Estamos convencidos de que isso vai ser uma vantagem competitiva para a pecuária brasileira.”
Dados
Montezano afirmou, ainda, que tanto o BNDES quanto os demais bancos, sejam públicos ou privados, poderão usar os dados de emissões para avaliar risco e retorno social em suas análises de crédito.
Já existem técnicas de produção pecuária que permitem neutralizar e até “sequestrar” carbono. Que é quando uma atividade retira mais carbono da atmosfera do que emite. Como é o caso da intensificação de pastagens combinada com a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Segurança alimentar
Ainda que, globalmente, a produção agropecuária não seja a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa, a agropecuária brasileira, há anos, busca mitigar esses gases. Além de garantir a segurança alimentar. Nesse contexto, atrelado à vulnerabilidade do setor à mudança do clima, espera-se que o estudo proponha um sistema de incentivos que acelerem a adoção de tecnologias pelos produtores rurais.
O estudo também auxiliará o Brasil no cumprimento do chamado Acordo do Metano, assinado na COP 26 e que estabeleceu o compromisso global de cortar em 30% as emissões do gás até 2030. Com essa parceria entre o BNDES e o Mapa, pretende-se estimular o crescimento de forma sustentável da produção de carne e leite bovinos e seu processamento industrial, ajudando o País a cumprir suas metas de descarbonização.