Coluna Na Varanda, escrita pelo economista e consultor internacional, Francisco Vila.
Como assim? Não deveria ser o olho do dono e não do filho? Se o pai e a irmã veterinária estão trabalhando na fazenda no Mato Grosso, enquanto o filho coordena a construção de uma nova fábrica nos arredores de Maringá, como poderia ser o filho que comanda o plantel da família à 1.600 km de distância? Sim, é isso mesmo: gestão à distância! O Novo Normal, que é resultado da velocidade alucinante do progresso da tecnologia, obriga-nos a rever continuamente todas nossas rotinas.
A Tesla, do super empresário Elon Musk (um dos envolvidos no desenvolvimento da Inteligência Artificial), já está substituindo trabalhadores por robôs humanoides. O Carrefour acabou de abrir um supermercado no qual você pode entrar, escolher seus produtos e voltar para casa sem passar por qualquer autoatendimento. E, se for voltar e trocar um produto, a diferença será automaticamente creditada ou debitada.
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Esses exemplos de fábricas, lojas, bancos ou serviços públicos (como Poupatempo) mostram como é possível otimizar processos e, consequentemente, reduzir a contratação de humanos em ambientes fortemente padronizados. Mas e no campo? Como a experiência do dono ou da equipe pode ser substituída ou, pelo menos, ampliada por mecanismos da Inteligência Artificial?
Pode, sim! Vejamos o exemplo do novo Robô ASME que mata 200.000 ervas daninhas por hora! O mais assustador: ele faz isso sem gastar herbicidas. Com raios elétricos, as plantas indesejadas são eliminadas antes do plantio de sementes. Já funciona na Inglaterra. Isso levanta a questão sobre o que vamos fazer com o equipamento de dispersão de herbicidas e pesticidas, bem como com nosso estoque dos líquidos? Outra oportunidade, que não deixa também de ser um desafio, é o uso crescente do famoso ChatGPT.
Não será nem o pai, nem o filho que manda, serão os dois juntos através da troca e da avaliação de informações que o Novo Normal do ambiente de qualquer negócio oferece para aqueles que sabem usá-lo
Essa ‘ferramenta inclusiva’ permite que nosso pessoal do campo possa receber informações e ensinamentos diretamente em seus celulares e sem perguntar ao dono (ou ao filho dele). O fenômeno principal desse Chat é que ele surgiu há apenas meio ano e já tem milhões de seguidores. Enquanto a internet levou anos, tudo hoje é imediato. Faça um teste, baixe o aplicativo: https//chat.openai.com, clique no comando Login e coloque a seguinte pergunta: “O que traz o Novo Normal para o Agro?” Em, no máximo, 2 segundos, você vai receber 5 tendências que caracterizam o Agro 4.0. Poucos donos poderiam ensinar – com tamanha exatidão e velocidade – um jovem colaborador que estivesse elaborando sua tese no final do curso universitário.
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Mais interessante, ainda, é a oportunidade de aprofundar de forma organizada os assuntos importantes para a gestão do dia a dia. Como primeiro passo, avança com uma ‘pergunta drone’, ou seja, uma colocação geral do tema. Como no exemplo sobre o Agro 4.0, vai receber de 3 a 6 tópicos ligados ao assunto. A seguir, reformula uma pergunta mais específica em torno de um dos tópicos e vai conhecer mais meia dúzia de indicações. Dessa forma, indo do geral para o cada vez mais específico, nós, nossos filhos, nosso gerente e até o motorista do trator podem – a qualquer momento – receber informações que facilitam o trabalho. Como ninguém nasce piloto de Fórmula-1, temos que treinar também o uso eficiente dessas novas ferramentas da Inteligência Artificial para planejar o ano, gerenciar o rebanho, vender e comprar, utilizando a blindagem na bolsa, etc. Com este novo ambiente de trabalho, temos outra oportunidade valiosa, ou seja, aproximar os membros da família (sócios legais, mas não ativos) e criar novas práticas construtivas na comunicação entre todos os envolvidos na ampla realidade da gestão de uma fazenda pecuária. Não será nem o pai, nem o filho que manda, serão os dois juntos através da troca e da avaliação de informações que o Novo Normal do ambiente de qualquer negócio oferece para aqueles que sabem usá-lo.
