Os negócios da bovinocultura de corte no primeiro semestre de 2023 refletiram fortemente os impactos do Ciclo de Alta da Pecuária de Cria. Houve grande aumento de oferta de animais para reposição, concomitante com uma crise de demanda por carne no mercado interno e uma contínua redução nos preços pagos pelo mercado externo, este fortemente afetado pelo baixo desempenho da economia mundial, especialmente a da China, principal cliente brasileiro. A avaliação é da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária.
Conforme o presidente da comissão, Ivan Faria, os preços pagos por todas as categorias de animais sofreram contínua redução de janeiro a junho. “Ainda não estamos certos de termos chegado ao fundo do poço”, observa. Segundo ele, a falta de alavancagem bancária para projetos de custeio e investimento pecuário com capital acessível à remuneração da produção e as altas taxas cobradas pelos bancos à juro de mercado, inibiram fortemente a liquidez dos produtores neste período de grande dificuldade. “O cenário é o mesmo também para aqueles que têm os seus sistemas integrados à agricultura, esta impactada pelos baixos preços dos grãos neste momento. Todos estão aguardando alguma recuperação para realizar as suas vendas, principalmente se o objetivo for a troca grãos/animais”, ressalta.
Com relação ao segundo semestre de 2023, a Comissão de Relacionamento com o Mercado do Desenvolve Pecuária, de acordo com Faria, não vê perspectivas de mudança de cenário. “A economia brasileira mesmo tendo apresentado um desempenho do PIB acima das expectativas de mercado, não parece ter força suficiente para recuperar o poder de compra do salário real e o aumento da oferta de empregos, mesmo que estejamos vendo ampla redução de preços em vários itens de bens de consumo e duráveis”, destaca.
Faria coloca que, na mais otimista das perspectivas, é esperado garantir os níveis de preços praticados, neste momento, para as categorias de reposição. “Esperamos alguma variação positiva no mercado de gado gordo para animais precoces com alto nível de acabamento, por baixíssima oferta, nos próximos 60 a 90 dias, seguida de uma baixa generalizada no gado para abate em setembro, outubro e novembro, a configurada safra das boas pastagens gaúchas de inverno/primavera”, salienta, enfatizando a expectativa para que o mês de julho traga boas e surpreendentes notícias quanto ao Plano Safra 2023/2024, “pois o Agro é o motor do Brasil e não pode desacelerar”.