A produção de maçãs pelo Brasil nesta safra, 2024/25, com a colheita a ser realizada em fevereiro próximo, deverá ser de 15% a 20% superior à anterior, que foi de 832 mil toneladas da fruta.
A safra passada foi prejudicada por chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na primavera de 2023, estado responsável por praticamente a metade da produção nacional.
A outra metade da produção da fruta é gerada por Santa Catarina.
A estimativa de incremento na produção é da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), segundo revelou o diretor Comercial e de Logística de Mercado Externo da entidade, Celso Zancan, ao programa A Granja na TV de quarta-feira, 9, veiculado pela Ulbra TV.
Zancan lembrou que as intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em setembro, outubro e novembro de 2023, com média de 500 milímetros a cada um daqueles meses, numa época de plena floração dos pomares de macieiras, prejudicaram a safra.

“Em três meses choveu 1.500 milímetros, quase a chuva de um ano, em plena florada. Então, ali tivemos problemas de fixação de fruta, entrada de algumas doenças, porque o controle com agroquímicos tem um limite. E foi muita chuva. Um prejuízo quando estava se definindo a safra 2024”, descreveu.
E também choveu no período da colheita.
Na colheita, em fevereiro, março e abril tivemos uma chuva muito forte em maio, aonde a colheita já tinha sido realizada em boa parte, mas ainda tinha alguma coisa para colher. Mas prejudicou as plantas, porque foram mais 500, 600 milímetros, e estas plantas, com este excesso de chuvas, ficam num encharcamento das áreas, que não conseguem ter drenagem, as plantas ficam sob um estresse e este estresse, quando a raiz não consegue respirar, ele acaba influindo na planta, porque neste momento ela estava buscando reservas para passar o inverno de 2024.
Celso Zancan, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã
“Então, tivemos alguns prejuízos que está se refletindo agora, no momento da florada. Temos uma boa florada, a safra deverá ser maior que a do ano passado, esperamos um crescimento de 15% a 20%”, complementou o dirigente.
“Em algumas áreas estes pomares ficaram muito encharcados e a florada está vindo um pouco irregular, as plantas estão com dificuldades de ter uma boa brotação”.
Estrutura sem problemas
Mas, felizmente, aquelas chuvas e também a tragédia climática que, posteriormente, atingiu o Rio Grande do Sul, em maio último, não prejudicaram a parte estrutural de suporte ao sistema produtivo, como as câmeras frias de armazenamento.
E neste momento, destacou Zancan, os produtores estão envolvidos em acompanhar e dar suporte ao fundamental período da floração dos pomares.
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“Se você não tiver trabalhando todas as tecnologias, esta flor pode ser muito bonita para olhar, mas ela pode cair, pode não ter o fruto certo, a fixação”, lembrou.
“Então a gente caminha bastante agora, a gente distribui as abelhas, quatro, cinco, seis colmeias de abelhas por hectare. Têm alguns produtos que auxiliam na fixação, que deixam a flor um pouco mais longeva”, acrescentou.
“Nestas caminhadas é possível ver, claro que nós, no dia a dia, a gente fica tão absorvido com isso que, eventualmente, a gente passa e não percebe a beleza… mas depois ‘peraí, , espera, está bonito’… É praticamente um jardim”.
Turismo das floradas
O diretor mencionou que a beleza das floradas das macieiras em muitos países é atração turística.
“A gente sabe que tem países com muito turismo para observar a florada das maçãs. O Brasil explora muito timidamente o turismo das floradas das maçãs. Hotéis próximos a pomares tem uma exploração, mas muito tímida”, descreveu.
Mas a ideia é que este seja uma atividade futura.
“Estamos pensando aqui na região de Vacaria/RS, que tem aumentado a produção de uvas, como as cantinas, então dentro deste enoturismo que está se estabelecendo aqui nos Campos de Cima da Serra, e estamos trabalhando numa Denominação de Origem, que a gente faça um misto, para olhar vinhedos, cantinas e também a parte de macieiras, que acho que vai ser uma coisa bem diferente. Não vou dizer inédita no mundo, mas certamente no Brasil inédita”.
Confira a entrevista completa abaixo, assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, edição de quarta-feira, dia 9 de outubro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)