Aplicativo para celular promete auxiliar a combater o abigeato no RS. O AbigeApp é primeira ferramenta tecnológica utilizada contra esse tipo de crime no estado. O programa foi desenvolvido por uma empresa indicada pelo Instituto Desenvolve Pecuária, Be220, e conta com dados das regiões de Bagé e Dom Pedrito.
Banco de dados
Pelo app, agentes da segurança pública e de outros órgãos poderão consultar um banco de dados de marcas e sinais previamente cadastrados. A partir da inserção de um desenho similar, em segundos, acontece a identificação do verdadeiro proprietário do animal. Será útil no momento em que alguém se deparar com suspeita de roubo ou furto.
O inspetor Patrício Antunes, vereador de Dom Pedrito (RS), destacou que, tendo dados digitalizados das marcas e sinais, o município poderá compartilhá-los com as Polícias Civil, Rodoviárias e até fiscais da Secretaria da Agricultura. “Outros municípios se interessaram e até o governo do Estado quer se somar. Esta ferramenta será um divisor de águas no combate ao abigeato”, concluiu.
Protagonismo
O presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luís Felipe Barros, questionou a posição do pecuarista em relação a este crime rural. “É ser vítima ou assumir o protagonismo de combatê-lo.”
Afirmou que a entidade foi em busca de alternativas para ajudar nesse enfrentamento. Ele vai apresentar o aplicativo em Goiás e Mato Grosso, além de Federações de Agricultura e Pecuária dos dois Estados. Barros adiantou que uma nova ferramenta tecnológica de combate ao abigeato, o rastreamento por GPS em radiofrequência de todos os animais do campo, está em debate.
Segundo ele, este serviço estará disponível até o final deste ano. Barros também falou da importância de produtores rurais destinarem parte do seu ICMS para equipar as Decrabs. “Hoje é possível destinar 5% do ICMS para as Delegacias Especializadas na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato. Isso é compensação de tributos.”
Registros
O dirigente também chamou a atenção para a necessidade de o produtor rural fazer a sua parte, registrando as ocorrências junto à Polícia Civil.
Divulgação
Já o presidente da Federação Brasileira das Associações dos Criadores de Animais de Raça (Febrac), João Francisco Wolf, prometeu ajuda. Colocou a instituição à disposição para levar o maior número possível de prefeitos para conhecerem o aplicativo.
Wolf elogiou o prefeito de Dom Pedrito, ao dizer que Mário Augusto Gonçalves é um facilitador. “Dom Pedrito e outros municípios da região deram um passo à frente no combate a este tipo de crime.”
Agronegócio
A produtora rural Antônia Scalzilli lembrou que o PIB do RS em 2021 cresceu 10,4% impulsionado pelo agronegócio. Em contrapartida, estima-se que, em 2022, caia em 8% devido à estiagem.
No entanto, ela reconhece que o Estado não tem um braço tão longo quanto é necessário. Segundo a produtora, por isso, é preciso ter a inovação. “Precisamos de aplicativos, de entidades, de federações, de startups, olhando para essa lacuna que temos e que nos ajudem a oferecer aquilo que o estado não tem condições. Isso vai ser o diferencial”, afirmou.
Para ela, o produtor rural tem um papel fundamental nesse processo. “Muitos deixaram de acreditar que um registro de ocorrência possa fazer diferença. Porém, este registro é que impulsiona a polícia para investigar.”
Judiciário
Os participantes do encontro destacaram um ponto em comum em tom de crítica: a necessidade do Judiciário ser mais sensível às causas do campo e em apoio às forças policiais. As falas foram unânimes ao avaliar que alguns juízes consideram o crime de abigeato, por se tratar de furto, uma ação de menor poder ofensivo, sem uso da violência.
Essa postura acaba permitindo que o criminoso retorne mais rapidamente às ruas. A necessidade do produtor rural efetivar o registro policial para fins estatísticos também foi um pedido em uníssono dos painelistas do Charla de Pecuária. A live foi transmitida pelo canal do Instituto Desenvolve Pecuária no YouTube.