Os desafios da Agronomia no combate à fome e à redução das desigualdades estiveram no centro dos debates do 33º Congresso Brasileiro de Agronomia (CBA 2023), em Pelotas/RS, nesta semana.
O presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), Kleber Souza dos Santos, mediou o painel em que foram avaliadas as políticas de apoio ao desenvolvimento na agricultura e o papel da assistência agronômica e extensão rural a partir das Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
O engenheiro agrônomo Alencar Paulo Rugeri abordou a importância da extensão rural na conexão entre campo e cidade.
A educação foi apontada como fator base para isso, conforme Gelson Pelegrini, professor dos cursos de Ciências Agrárias e coordenador de Agronomia da Universidade Federal Integrada (URI), de Frederico Westphalen/RS.
Pelegrini citou a pedagogia da alternância como uma das maneiras de alcançar essa integração.
O método desenvolvido na França busca a interação entre o estudante que vive no campo e a realidade do cotidiano, promovendo troca de conhecimentos entre o ambiente de vida e trabalho e o escolar.
“A pedagogia da alternância pode trazer importantes diretrizes para o Ensino Superior”, disse.
Segundo o engenheiro, iniciativas como o Programa Regional de Sucessão Rural e o Projeto Profissional Integrador norteiam o caminho para contemplar os ODS.
Para a engenheira Waleska del Pietro, o futuro está também no conceito de cidades sustentáveis.
Durante sua intervenção, a profissional falou sobre o caminho dos projetos de políticas públicas com foco em desenvolvimento sustentável. “A agronomia é protagonista em todos os ODS”, resumiu.
Saiba mais sobre a profissão em Engenheiro agrônomo é o profissional de maior participação no agronegócio
Agronomia gaúcha destacada
O evento que reuniu mais e mil pessoas, entre profissionais e acadêmicos, homenageou formalmente a trajetória de instituições dedicadas à valorização profissional dos engenheiros-agrônomos e desenvolvimento do agronegócio do país.
Foram homenageadas a Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem/UFPel), a Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul (Sargs) e a Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab).
A Faem completa 140 anos de atividades ininterruptas no próximo dia 8 de dezembro, e recebeu o reconhecimento por esta história, responsável pela formação até hoje de 7,6 mil engenheiros-agrônomos.
Mais do que a quantidade e qualidade dos profissionais que saem das salas de aula e áreas experimentais, a faculdade representa também o pioneirismo na busca pela igualdade entre homens e mulheres na atividade.
Foi na então Imperial Escola de Medicina Veterinária e de Agricultura Prática que se formou a primeira engenheira-agrônoma do Brasil, Maria Eulália da Costa.
Motivo pelo qual a Faem também foi homenageada.
“Somos muito felizes e honrados por termos formado aqui na Faem a primeira mulher engenheira agrônoma do País, em 1915”, resumiu o diretor da Faculdade, professor Dirceu Agostinetto.
De acordo com ele, o destaque dado à Faem durante o CBA 2023 é o reconhecimento a uma das instituições de ensino da Agronomia com maior contribuição à atividade no Rio Grande do Sul e no Brasil.
“Nossa comunidade hoje é composta por cerca de 1,8 mil alunos de graduação e pós-graduação e temos um corpo docente muito qualificado, com 102 professores que atuam exclusivamente com a formação de agrônomos e zootecnistas”, resumiu.
Agostinetto ressalta ainda o papel destes profissionais para a segurança alimentar do País e o enfrentamento às mudanças climáticas que interferem na vida de todos e na produção agrícola.
“O engenheiro-agrônomo é fundamental, pois somos a categoria com maior formação para atuar tanto na redução dos impactos ambientais, especialmente na agricultura, quanto na parte de mitigação”, ressaltou.
Entidades reforçam unidade da categoria
Celebrando este ano seu centenário de criação, a Sargs também foi reverenciada no CBA 2023.
Fundada como Associação de Agrônomos do Rio Grande do Sul pela necessidade de representação diante do crescimento do número de profissionais com as duas faculdades existentes na época, em Pelotas e Porto Alegre, é uma das entidades da classe agronômica mais antigas do Brasil.
Ao longo das décadas, foi se adaptando às necessidades da categoria e à legislação, consolidando-se como a atual Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul.
“A Sargs é um marco do pioneirismo dos agrônomos gaúchos e essa homenagem que recebemos durante o Congresso é motivo de muito orgulho para toda a classe. Representa um século de defesa e valorização dos profissionais da agronomia”, afirmou o presidente Leonardo Gonçalves Cera.
Ao todo, a Sociedade congrega 32 associações profissionais existentes no estado. Atualmente o RS tem em torno de 14 mil profissionais registrados no sistema Confea/Crea habilitados a atuar. Ao todo, segundo Cera, há uma projeção de que existam quase 20 mil engenheiros-agrônomos no território gaúcho.
Confaeab, 96 anos
Entidade que representa os engenheiros agrônomos em nível nacional, a Confaeab foi igualmente destacada com homenagem durante o Congresso.
Com 96 anos de história, a Confederação tem tido papel histórico fundamental no desenvolvimento da Agronomia, contribuindo também com a avaliação do presente e discussão do futuro da atividade, desde a formação profissional até o papel de quem atua no dia a dia.
Presidente da Confaeab, Kleber Souza dos Santos ressaltou que cada encontro regional e, a cada dois anos, cada CBA tem significado a continuidade de um trabalho voltado à valorização do trabalho dos engenheiros agrônomos e suas funções no crescimento brasileiro.
“É um legado que vai sendo passado adiante. Trouxemos para o Congresso em Pelotas uma bagagem anterior e levaremos adiante, dentro da Confaeab e no próximo CBA, o aprendizado e experiências daqui”, avaliou.
Fonte: Congresso Brasileiro de Agronomia