A semana passada da soja foi marcada por queda nas cotações de Chicago.
Permanecem em pauta as especulações sobre a quebra de safra da Argentina, o ritmo de colheita no Brasil e a continuidade da seca no RS.
Diante disso, o contrato com vencimento em março/23 encerrou a semana cotado a US$ 15,27 o bushel (-1,04%).
E o com vencimento em maio/23, a US$ 15,21 (-0,07%).
Perdas argentinas
Mais uma vez, a Argentina registrou queda nas condições das lavouras.
De acordo com o relatório da Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA), houve aumento de 8% nas condições regulares/ruins, isso devido a uma redução de 4% nas condições normais e 4% nas excelentes/boas.
A quebra de safra na Argentina já é clara para o mercado.
Geadas pioram a situação
A ocorrência de geadas nas principais regiões produtoras no fim de semana agravou ainda mais a situação.
Agora, será preciso mensurar quanto essa quebra afetará o processamento de soja no país, pois a Argentina é a maior processadora da oleaginosa do mundo.
Caso seja confirmada uma produção de cerca de 35 milhões de toneladas na Argentina, o que é considerado abaixo do normal, será preciso importar o grão.
E o Brasil é a preferência, tanto em preço, quanto em logística para o país.
Colheita segue atrasada no Brasil
De acordo com a Conab, no dia 13 a colheita brasileira seguia em atraso.
Tinha 15,4% de área colhida, atrasada em relação ao ano anterior, que era de 25%, nesse mesmo período.
No MT, devido à continuidade das chuvas, o atraso era de 20% em relação ao ano anterior.
Já em GO e MG, o clima mais seco permitiu um avanço na colheita, atingindo 17% e 9%, respectivamente.
Seca no RS
No RS, de acordo com o informativo conjuntural da Emater/RS, divulgado no dia 16, a continuidade das condições climáticas de tempo predominantemente seco, ainda prejudica a evolução da soja.
Cerca de 77% das lavouras encontram-se em fase de floração e enchimento de grãos.
Nestas fases, a falta de chuva impacta de forma significativa a capacidade produtiva da cultura.
Dólar oscilante
O dólar teve mais uma semana de muita oscilação.
Teve queda de 1,15%, e finalizou a sexta-feira a R$ 5,16.
O cenário brasileiro ainda continua sensível às especulações sobre uma possível elevação das atuais metas de inflação, podendo impactar no risco fiscal do país.
O cenário externo segue refletindo de acordo com os dados de emprego e do índice de preços ao consumidor, que exigirá uma postura mais agressiva do Banco Central norte-americano em relação ao aumento da taxa de juros.
Com a queda do dólar e Chicago, as cotações brasileiras tiveram desvalorização ante a semana anterior.
De acordo com a Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA), a expectativa de chuvas para esta semana é de um volume acumulado em cerca de 30 a 35 milímetros na parte norte da Argentina.
E temperaturas máximas de 36ºC a 38ºC por todo o território.
Portanto, a continuidade dessas condições climáticas adversas poderão impactar ainda mais a produtividade nas próximas semanas.
Chuvas na semana
Para o Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) continua indicando chuvas volumosas para boa parte do país.
Inclusive no RS, que vem sofrendo com a seca.
Na região Central do Brasil, a continuidade das precipitações continuará provocando atrasos na colheita de soja.
Diante do feriado na segunda-feira, dia 20, Chicago terá uma semana mais curta.
Após o retorno, continuará acompanhando o desenvolvimento da safra Argentina e a evolução da colheita no Brasil, que continuará intensa nos próximos dias.
O dólar, apesar da queda semanal, poderá continuar com sua tendência principal de alta.
Diante do cenário de instabilidade interna, somada a uma possível postura mais firme do Banco Central dos EUA, causará uma diminuição do fluxo de entrada do capital estrangeiro no país.
Diante desse cenário, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de queda, prevalecendo a pressão de oferta de produto, causada pela colheita no Brasil.
Fonte: Grão Direto www.graodireto.com.br