Em 2021, a balança comercial do agronegócio brasileiro fechou o ano com saldo positivo de US$ 105,1 bilhões. Ou seja, 19,8% acima do registrado em 2020. O resultado foi impulsionado pelo aumento dos preços internacionais das commodities.
Os dados sobre o comércio exterior do agronegócio brasileiro foram apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta segunda-feira (17/1). O documento contempla um ranking dos principais produtores, consumidores, exportadores e importadores mundiais. Além disso, destaca a relevância do Brasil no fornecimento de várias commodities, como açúcar, soja, carnes e café.
Outros setores
“Enquanto a balança comercial total (com produtos de todos os setores), apresentou superávit de US$ 61,2 bilhões, a dos demais setores registrou déficit de US$ 43,8 bilhões. Veja a tabela abaixo:
O resultado do setor foi consequência do recorde histórico nas exportações, que atingiram US$ 120,6 bilhões em 2021. Isso significa um aumento de 19,7% na comparação com 2020. Dos quinze principais produtos da pauta de exportação (que representaram 89,5% em 2021), todos tiveram alta nos preços médios, alguns acima de 20%.
Em termos de quantidade, seis produtos apresentaram queda, com destaque para:
- carne bovina (-8,3%), decorrente das sansões aplicadas pela China às vendas brasileiras,
- café (-3,6%), desempenho esperado devido à bienalidade negativa,
- milho (-40,7%), em razão da queda de safra brasileira.
Compensação
Mesmo o período de sanções impostas pela China à carne bovina brasileira — que durou quase três meses — deteve a tendência de crescimento das exportações a partir de setembro de 2021. Produtos como soja, carnes suína e de frango compensaram essa queda até novembro. No entanto, a retomada dos embarques de carne bovina para a China, em dezembro, contribuiu positivamente para o resultado anual das exportações.
As importações brasileiras do agronegócio apresentaram alta de 18,9% frente a 2020. Portanto, encerraram 2021 com US$ 15,5 bilhões. Além dos produtos regularmente importados, como trigo, azeite de oliva e pescados, o Brasil aumentou a compra de soja em grão (5,0%) e de milho (133,7%).
China
A China segue como principal destino comercial do agronegócio brasileiro. Os embarques somaram US$ 41,02 bilhões em 2021. Ou seja, alta de 20,6% em relação a 2020. Entre os principais produtos importados do Brasil, houve destaque para soja em grãos (70,2%), carne bovina (39,2%), celulose (43,4%), açúcar (15,6%), carne suína (47,7%), carne de frango (14,3%) e algodão (28,9%).
Para a pesquisadora associada do Ipea, Ana Cecília Kreter, coautora da nota com Rafael Pastre, apesar da quantidade de carne bovina exportada para a China estar aumentando a cada ano, na comparação do consumo per capita da proteína por país, a China (6,6 g/dia) permanece distante dos Estados Unidos (38,6g/dia), do Brasil (36,3 g/dia) e da União Europeia (14,7g/dia).
A questão sanitária e eficiência logística deverão ser determinantes para a continuidade do bom desempenho das exportações do agronegócio brasileiro em 2022.O diretor da Dimac, José Ronaldo Castro de Souza Júnior, ressalta ainda que as estimativas da produção para este ano são positivas. “Mas o resultado irá depender das condições climáticas.” Em 2022, além das boas estimativas para a produção, a agregação de valor aos produtos brasileiros pode ampliar ainda mais as contribuições do agronegócio para a economia brasileira.