Nos últimos 20 anos, o setor pecuário vem passando por grandes transformações, com as operações de engorda migrando para grandes empresas ou grupos de confinamento, conforme especialistas apontaram em diversas oportunidade durante 2022.
Segundo Vanderlei Finger, gerente geral de Compra de Gado em seis plantas da MFG Agropecuária distribuídas pelo Brasil, este é um movimento natural, no qual pequenos e médios pecuaristas encontraram nas parcerias de engorda uma forma de melhorar as margens de lucro.
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Algumas da opções oferecem a opção de travar o preço de venda no mercado futuro (B3). Em momentos volúveis, como o atual, é a forma que o pecuarista possui para proteger as margens de lucro.
Via corretoras, entre outros custos triviais, a taxa de corretagem é variável, normalmente baseada na Tabela TOB (Taxa Operacional Básica): 0,30% sobre o volume financeiro total envolvido na transação e 0,07% para day trade.
“Eu já estudava sobre a bolsa antes, só que a MFG facilita demais esse processo. Por conta própria, é muito mais trabalhoso e oneroso. Em 2022 e 2023, acertamos ao travar, pois conseguimos pegar o pico de preços”, aponta Guilherme Lopes Palma, dono da Fazenda Estrela da Barra (Paranaíba/MS).
Segundo o pecuarista, a parceria de engorda dispensa a construção de uma estrutura própria de engorda. “Sem know-how no assunto, é impossível produzir com eficiência. Abortamos a ideia de construir um confinamento por conta disso”, relata.
Ganho maior do que aplicações bancárias
Nos últimos sete anos, o empresário Antônio José Pereira, enviou para as dependências da MFG Agropecuária de 800 a 1.000 animais por ano no período e destaca que, entre um solavanco e outro do mercado, o sistema de parceria rendeu ganhos superiores às aplicações bancárias.
“Já tivemos rendimentos de 4% ao mês. Nos piores momentos, conseguimos 2,5% ao mês”, informa. Para efeito comparativo, investimentos de renda fixa retornam algo em torno de 1% ano mês.
Para Antônio José, o sistema de parceria caiu como uma luva para diversificar o negócio de venda de sementes de pastagem. Em 800 hectares próprios e pastos arrendados, Zezé inseriu a criação de gado de corte.
“Compramos garrotes que estarão pesando 14@ depois de um ano e mandamos para o confinamento nos meses de abril, maio e junho, de onde sairão com peso médio de 22@ direto para o abate”, descreve o pecuarista, que criou tal estratégia a partir da assessoria técnica fornecida neste tipo de parceria.
Oportunidade para fazer pastejo intensivo
Na Fazenda Estrela da Barra, da qual é titular, Lopes dobra a lotação de pastagem nas águas e reduz pela metade na seca, enviando a boiada para o confinamento. “Além de agregar valor aos animais, eles saem mais precoces, então, conseguimos ganhar tanto na carcaça quanto na precocidade e o giro mais rápido do estoque ajuda aumentar nosso faturamento”, informa Lopes.
O pecuarista ainda recebe do Programa Precoce MS um incentivo de R$ 3,00 por arroba pela produção de bois jovens ao abate. “Reduzi em 14 meses o tempo de engorda dos animais”, comemora. Também vale destacar o ganho em peso registrado pelos bovinos. Zezé, por exemplo, registra 1,8 kg de ganho médio diário na Fazenda Santos Reis.
“Às vezes a operação pode não estar tão positiva do ponto de vista econômico, de mercado ou de trava de preço, mas o que a gente economiza poupando a pastagem durante a seca vale muito a pena para aproveitar bem o período das águas”, afirma Guilherme Lopes.