O Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Paraná (Sindiadubos) prevê uma redução de 30% na descarga de fertilizantes pelos portos do Paraná, até o final deste ano.
Aliado a isso, a entidade estima queda nas entregas anuais – comercializadas e enviadas aos produtores – que pode variar de 9,4% a 16,5%.
Em um cenário de redução de 10% na importação, entre os meses de agosto a dezembro, a queda no ano será de 9,4% na entrega.
E o estoque final chegaria a 9,13 milhões de toneladas armazenadas sem comercialização.
O volume é 41% maior do que havia em estoque no mesmo período do ano passado.
Já em uma projeção de redução na entrega ao agricultor de 25%, cerca de 12,3 milhões de toneladas do produto ficariam armazenadas.
Estoque 91% superior
Neste cenário o balanço final seria ainda menos otimista, com um percentual de 91% a mais de produto em estoque, no comparativo de 2021 com 2022.
Os diferentes cenários de queda foram apresentados para representantes do setor produtivo e empresários que atuam no ramo de fertilizantes na semana passada, em Curitiba.
Foi durante o Simpósio Sindiadubos NPK 2022. O evento contou com mais de 600 participantes do Brasil e de países como China, Rússia e Canadá.
De acordo com o presidente do Sindiadubos, Aluísio Schwartz Teixeira, as projeções foram realizadas com base em dados até julho, divulgadas pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
E também no cenário atual de compra e entrega do produto aos agricultores.
Segundo Teixeira, o mercado está se ajustando e com a redução nos estoques, o equilíbrio acontecerá a partir do fim do ano.
Economia e política internacional
O Brasil comprou um volume recorde de adubos em 2022.
A medida foi para garantir insumos suficientes para a expansão da área plantada diante dos temores de escassez por conta da guerra entre Ucrânia e Rússia, que é um importante fornecedor.
Os portos do Paraná são a principal porta de entrada dos adubos. Um volume de 30% do produto chega por Paranaguá e Antonina.
O diretor de Operações da Portos do Paraná (Appa), Luiz Teixeira da Silva Júnior, disse que a Administração Portuária investe continuamente em melhorias operacionais. Para que assim os custos fiquem mais competitivos para o agronegócio.
Segundo ele, também há investimento dos operadores portuários para aumentar a capacidade no recebimento do produto importado.
“O porto funciona por demanda, tendo muita importação, acompanhamos este aumento. Os operadores portuários estão investindo em equipamentos modernos e em armazenagem para comportar a importação de fertilizantes”, destaca.
Investimento em armazenagem
A Fortesolo – operadora portuária especializada em descarga e armazenagem de fertilizantes em Paranaguá – trabalha para ampliar a sua infraestrutura de armazenagem.
Para os próximos meses, a expectativa é aumentar em 45% a capacidade dos armazéns. De 227 mil para 327 mil toneladas.
“Estamos crescendo em capacidade de armazenagem para atender o mercado”, ressalta o presidente da Fortesolo, Marco Ghidini.
Já o Porto Ponta do Félix, em Antonina, também investe na ampliação da capacidade estática, de 310 mil toneladas para 545 mil toneladas.
O terminal conta ainda com um entreposto aduaneiro, que ocasionou na primeira reexportação de fertilizantes do país.
Reexportação
Devido aos altos estoques, bem como a queda registrada nos preços dos fertilizantes, principalmente fósforo e potássio, a reexportação foi uma estratégia encontrada pelo setor.
Isso porque o entreposto possibilita a suspensão do pagamento de tributos, sob controle fiscal, já que em recinto alfandegado a carga permanece sob propriedade do exportador, sem que tenha sido importada e nacionalizada.
“O recinto alfandegado é considerado uma zona neutra, comum em portos para efeito de comércio exterior. Isso aumenta a flexibilidade na comercialização, sem a incidência de tributos nacionais”, relata o presidente do Porto Ponta do Félix, Gilberto Birkhan.
No mês de outubro o Porto reexportou 40,4 mil toneladas de fertilizantes em duas operações, uma delas para os Estados Unidos e outra para a Jordânia.
Fonte: Sindiadubos