O verão deve castigar os catarinenses com temperatura acima da média e radiação solar exagerada. Por isso, a Epagri apresentou, na tarde desta terça-feira, 7, recomendações de manejo adequadas para mitigar problemas. Também foram apresentados novos avisos meteorológicos que podem ser emitidos pela Epagri/Ciram durante o verão.
A meteorologista da Epagri/Ciram, Gilsânia Cruz, relatou que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro devem ter temperaturas acima da média climatológica em Santa Catarina; “Ou seja, um verão mais quente do que o normal, com massas de ar quente frequentes e duradouras”, explicou. Já as chuvas devem ficar dentro da média histórica. Entretanto, em dezembro, os totais devem ser mais baixos no Oeste.
Alertas
Ela também apresentou o protocolo estabelecido para os novos avisos que poderão ser emitidos pelo Centro no verão. O aviso de temperatura alta será emitido quando a previsão de temperatura máxima for igual ou superior a 35°C nas regiões Oeste, Meio-oeste, Litoral e Vale do Itajaí, e variando de 32°C a 34°C nos Planaltos Sul e Norte.
Já o Aviso de onda de calor ocorrerá quando a previsão for de temperatura de 2°C acima da média climatológica para as regiões do Estado. Isso para um período de cinco ou mais dias consecutivos.
Ambos serão emitidos em um período entre 24 e 48 horas de antecedência ao evento climático. Ela destacou que, nos casos de ondas de calor, as noites também ficam mais quentes. Portanto, favorece um desconforto maior às pessoas. Além disso, pode sobrecarregar o fornecimento de energia elétrica em decorrência do uso de ar-condicionado.
O evento também serviu para que o gerente de extensão da Epagri, Darlan Rodrigo Marchesi, repassasse às lideranças agropecuárias as recomendações de manejo de plantas e animais, diante da ocorrência de ondas de calor ou temperaturas altas extremas.
Pecuária de leite
O calor pode afetar a pecuária de leite, comprometendo a produção de pasto, reduzindo o consumo de alimento pelos animais, aumentando a necessidade de água. Ou seja, comprometendo a produção de leite e aumentando o risco de acidose ruminal.
Para reduzir o estresse térmico nos animais, a recomendação é de oferecer sombra às vacas sempre que a temperatura estiver acima dos 24°C. A sombra pode ser natural, através do uso de árvores. Ou artificial, empregando cortinas portáteis ou permanentes, por meio de malhas que bloqueiam a radiação solar em mais de 80%.
Área
Recomenda-se uma área de sombra de 4m² por vaca. Também podem ser utilizados ventiladores com aspersores. Mas sua eficiência é reduzida em condições de alta umidade do ar, e sua principal desvantagem está associada ao custo versus benefício.
Água limpa e fresca, com temperatura abaixo de 20°C, deve estar sempre disponível na sombra ou em áreas protegidas da radiação solar. A água deve estar perto de onde as vacas ficam, preferencialmente dentro dos piquetes ou nos chamados piquetes de descanso. Importante o espaço seja suficiente para todos os animais terem acesso.
Importante lembrar que, no verão, a ordenhas se realizem entre as cinco e seis horas pela manhã, e das seis às sete horas no período da tarde. Também são necessários cuidados com a nutrição dos animais. É preciso aumentar a densidade energética da dieta, utilizando ingredientes com alto teor de óleo ou gordura, que não produzam calor de fermentação, além de fazer uso de nutrientes protegidos.
Proteína degradável
Ainda é importante balancear a dietas das vacas com menos de 65% de proteína degradável no rúmen, utilizando soja tostada ou soja extrusada na formulação das rações. É recomendável adicionar agentes tamponantes à dieta para estabilizar o pH ruminal (dietas com 0,5% de sódio e 0,3% de magnésio).
Também dentro da estratégia alimentar é recomendável diminuir a participação de alimentos fibrosos e de baixo teor energético, como os fenos. As vacas devem ocupar piquetes novos no início da manhã e no final da tarde após as ordenhas. Durante à tarde as vacas em lactação devem receber uma pequena quantidade de silagem de milho (6 a 8kg de MV) de alta qualidade mais 1kg de alimento concentrado.
Em princípio, recomenda-se não inseminar vacas e novilhas no período de verão. Em relação às raças, alguns estudos demonstram que vacas da raça Jersey, ou os seus cruzamentos, especialmente com genética da raça pardo suíça, apresentam maior resistência à radiação solar e ao estresse térmico.