Estações experimentais do Campus Tancredo Neves, da Universidade Federal de São João Del Rei (MG), receberão, no próximo dia 18 de novembro, pecuaristas de todo o País para avaliar, junto a pesquisadores, o resultado de estudos com híbridos de forrageiras. Essa é a primeira edição do Capim Day, que tem o objetivo de oferecer conhecimento, ciência, inovação e visão de futuro para produtores rurais.
A Brachiaria híbrida resultante do cruzamento da Brachiaria brizantha com a Brachiaria ruziziensis estará na estação de experimento. Após quase dois anos de testes na fazenda modelo da Universidade, uma equipe de pesquisadores – liderada pela Profa. Dra. Janaina Martuscello, zootecnista especializada em forragicultura e pastagens, e autora dos livros “Seu dinheiro é capim!” e “Todo ano tem Seca! Você está preparado?” – observou a facilidade de manejo do material, a boa cobertura de solo, bem como as folhas longas, largas, arqueadas e pilosas, de aspecto aveludado, que propiciam maior aceitação, consumo, e podem auxiliar na pecuária nacional.
A capacidade de adaptação do híbrido proporcionada pelo sistema radicular amplo e robusto, com rebrota rápida após períodos de seca, também chamou a atenção para a forrageira, que pode ser utilizada tanto em sistema de lotação contínua, como rotativa (com altura de entrada de no máximo 40 cm e de saída de 20 cm). Segundo os especialistas, a braquiária híbrida, com manejo adequado do solo, apresenta alto potencial produtivo, girando em torno de 25 toneladas de matéria seca por hectare no ano.
Durante o evento, haverá ainda a apresentação do experimento do híbrido com a bactéria Azospirillum brasiliense para fixação de nitrogênio, com fins de adubação. Mestre em Ciência do Solo, o engenheiro agrônomo, gestor ambiental e Coordenador Técnico da Wolf Sementes, Edson de Castro Júnior, explica que, além da evolução trazida pelo híbrido em campo, esta é mais uma iniciativa conduzida junto aos pesquisadores em busca de uma pecuária produtiva, sustentável e que colabore para a segurança alimentar, um desafio global.
“Daqui em diante, a agropecuária vai requerer muito planejamento e um pacote de soluções integradas, tecnológicas e sustentáveis para contribuir na eficiência do pasto, o que inclui a escolha de insumos, boas práticas de manejo, profissionalização da gestão e acompanhamento desta ponta fundamental da cadeia de produção. Não dá mais para pensar em ações isoladas, pontuais e que podem ter sido efetivas no passado, mas já não correspondem às demandas atuais e futuras do campo”, enfatiza Janaina Martuscello.
Para a docente e pesquisadora, outro ponto importante é compreender cenários. “Nos próximos dez anos, a expectativa é de que o grande polo agropecuário do Brasil seja a região Nordeste e isso exige que o setor esteja preparado para projetar soluções específicas diante de condições climáticas adversas, como os baixos índices de chuva da região.”