Artigo de Guilherme Vianna*
O cruzamento industrial é a solução da pecuária brasileira para o aumento da produtividade e a consequente melhoria do resultado econômico, tanto no campo como no gancho. Isso ocorre devido à união das melhores qualidades de duas raças (bos indicus e bos taurus) e à complementaridade entre elas, o que dispara o conceito da heterose, o que possibilita indiscutíveis ganhos em termos de precocidade e conformação de carcaça.
A ferramenta também se tornou grande aliada do criador na produção eficiente, sustentável e intensiva, ainda mais com o crescente aumento da demanda mundial por carne bovina. Nesse contexto, incluem-se também a preocupação ambiental e de conforto e bem-estar dos bovinos. No final, estamos falando em produção de mais carne em menos tempo e em menor área, objetivo que conta com a fantástica contribuição da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF)
Nesse processo, os produtores reconhecem a necessidade de investimento em genética, em sanidade, em nutrição e no manejo, onde o cercamento estratégico, eficaz e inteligente constitui-se como um dos grandes pilares da produtividade segmentada de acordo com as exigências de cada categoria animal e com o objetivo de cada negócio. Além disso, atua como proteção ao gado contra invasores e serve como importante ferramenta logística para movimentação dos animais. Nesse aspecto em particular, as cercas cumprem uma importante função.
Qual a melhor opção para sua propriedade? Isso varia de acordo com a região e o desafio. No Nordeste, o uso de arame farpado é mais comum, ao contrário da região Norte, onde o liso é visto com maior frequência. A topografia também influencia na hora da escolha, assim como o tipo de animal. O mercado conta com diferentes opções para diferentes necessidades, contribuindo para o cercamento de qualidade nas propriedades rurais do país, sendo este um item indispensável para o sucesso da pecuária intensiva.
De modo geral, as cercas têm como prioridade fazer a divisão de áreas. Porém, sua atuação vem crescendo. O cercamento de qualidade proporciona maior controle das áreas onde os animais pastam, sendo possível controlar possíveis subpastejo ou superpastejo. Além disso, com o uso racional das cercas é possível fazer o melhor controle zootécnico na propriedade, categorizando os animais por tamanho, idade, sexo ou objetivos produtivos.
Ainda no quesito sustentabilidade, a cerca é chave para manter o equilíbrio entre o bem-estar do rebanho, o desempenho zootécnico e o meio ambiente, envolvendo a necessária preservação de solo, rios e áreas de preservação permanente. E isso vale para todas as categorias animais, seja cria, recria ou terminação.
Cercamento facilita o manejo
O ponto central é que o sucesso do cruzamento industrial é uma soma de vários fatores – muito mais que genética, saúde e nutrição. Não há pecuária intensiva sem a correta divisão de pastos e o consequente controle de áreas onde os animais podem caminhar livremente e se alimentar com volumoso de qualidade. Importante ressaltar que, assim como há animais que se adaptam mais facilmente a determinado tipo de clima e ambiente, existem cercas especificas para cada relevo e diferentes condições climáticas.
É que diz o pecuarista Amarildo Merotti, de Mato Grosso. Em sua propriedade, a Fazenda Santo Antônio, em Cáceres, a boa divisão de pastos tem importância vital para a produtividade. Nas suas palavras, “quando um cercamento é feito de forma eficaz, usando os materiais corretos, com divisões inteligentes, a produtividade pode até duplicar, assim como o resultado econômico”.
Merotti destaca que alimentação de qualidade e bom fornecimento de água são itens básicos para o correto manejo animal na pecuária intensa, mas se as divisas da propriedade não são preservadas, os animais ficam em perigo. “Um descuido e perdas podem acontecer, comprometendo todo o planejamento do negócio. Para ele, “priorizar o cercamento, principalmente com o uso de cercas elétricas, faz toda a diferença na hora de garantir propriedade e animais seguros”.
O exemplo de Amarildo Merotti é semelhante ao de milhares de outros pecuaristas Brasil afora. O uso de cercas de qualidade permite a utilização racional das pastagens e, do ponto de vista ambiental, contribui para a preservação do solo e de mananciais.
Um ponto de atenção para os pecuaristas é sempre fazer o check-list para avaliar se sua propriedade está pronta para intensificar a atividade. Os criadores que consideram apenas a questão genética podem estar condenados a obter baixo desempenho da produção, mesmo com gado selecionado. Há diversos aspectos importantes a considerar e, no caso específico do manejo, uma boa cerca faz a diferença.
Em lugares com maior incidência de vida selvagem, como por exemplo o Pantanal, onças e outros animais costumam atacar propriedades. As perdas podem ser grandes, dependendo da frequência dos ataques. Em regiões de alta incidência de ataques, a proteção do plantel é essencial.
*Gerente de negócios da Belgo Bekaert