Segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), os preços médios da carne bovina exportada pelo Brasil aos chineses caíram 20% no primeiro semestre, com o valor pago de US$ 4.585 por tonelada – comparados com os US$ 5.740 dos primeiros seis meses de 2022 – e muito aquém dos US$ 7.000 pagos em 2020.
O grande responsável por esta queda de preços, segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada na assessoria para o comércio exterior, é o fato da China registrar um crescimento desacelerado. Dados oficiais mostram que a economia da China cresceu apenas 0,8% no segundo trimestre de 2023, em relação aos primeiros três meses do ano. O número ficou bem abaixo dos 2,2% registrados no primeiro trimestre, colocando em riscos a meta de atingir 5%, estabelecida pelo governo de Pequim.
O país oriental, além de ser destino de quase 50% dos volumes da carne bovina embarcada pelo Brasil, é a maior formadora de preço desse mercado. Se a China pagar menos pelo produto importado, outros compradores relevantes como União Europeia, Estados Unidos e demais países seguirão a mesma linha.
A recuperação dos preços e do volume das exportações brasileiras de carne bovina ao mercado chinês nos próximos meses vai depender do sucesso de medidas que vêm sendo adotadas pelo país asiático para acelerar a economia, como o plano de estímulos lançado nesta semana para impulsionar o consumo local.
Para Pizzamiglio, apenas o fato da retomada das exportações de carne bovina para a China já é motivo de comemoração. “O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina para a nação asiática e a suspensão das exportações impactou negativamente o setor. A retomada é fundamental para o país continuar sendo um importante fornecedor de proteína animal para o mercado chinês”, afirmou o executivo.
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Em contrapartida, dados do governo federal mostram que a queda de US$ 1,06 bilhão nos embarques do semestre foi compensada por vendas adicionais de US$ 2,8 bilhões em soja em grãos para o país. “Além disso, a comprovação de que a carne bovina brasileira possui qualidade e é segura é um fator predominante para a manutenção das exportações”, afirma o especialista.
Essa pressão dos preços mais baixos não foi sentida nas exportações de frango e de carne suína porque o preço médio dessas proteínas já é quase 50% inferior ao da carne bovina, produto tradicionalmente mais consumido pelas classes altas na China.
“Com mudanças significativas dos valores internacionais, é essencial a abertura de diálogo para proporcionar o aumento da produção nacional. Deste modo, podemos contornar a situação e alcançar os resultados desejados”, completa o especialista.