A definição pela volta da importação da carne bovina brasileira pela China está nas mãos do governo do gigante asiático. Na última quinta-feira (08/03), foi essa a afirmação do ministro da agricultura, Carlos Fávaro, após reunião entre representantes do Ministério da Agricultura e da Administração Geral de Aduanas da China (GACC).
A comercialização para a China está suspensa desde o dia 23 de fevereiro, quando houve a confirmação da doença em um boi de nove anos de idade, no Estado do Pará. O animal foi sacrificado e a carcaça incinerada. Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a China é o país que o Brasil mais exporta carne bovina, representando 60% do total da produção do produto brasileiro.
Para Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada na assessoria para o comércio exterior, a retomada das exportações de carne bovina para a China é uma notícia muito positiva para o comércio exterior brasileiro.
“O Brasil é um grande exportador de carne bovina para a China, e a suspensão das exportações impactou negativamente o setor. A retomada é fundamental para o país continuar sendo um importante fornecedor de proteína animal para o mercado chinês”, afirmou o executivo.
O entendimento do Governo Federal é de que não há mais impedimentos para a abertura do mercado, mas ainda é preciso se certificar de que a documentação apresentada às autoridades chinesas é satisfatória para os representantes do país.
Na semana passada, um exame realizado em um laboratório de referência no Canadá confirmou que o caso de mal da vaca louca registrado no Brasil é isolado, ou seja, sem prejuízos para a qualidade da carne bovina produzida no país. O diretor da Efficienza ressalta que é preciso garantir que a documentação apresentada às autoridades chinesas esteja completa para evitar novos entraves nas exportações.
“A burocracia é um desafio constante para o comércio exterior brasileiro, e é fundamental que todos os procedimentos sejam cumpridos corretamente para evitar problemas futuros”, ressaltou o especialista.
Atraso na retomada das exportações de carne bovina em 2021
Segundo relatório ITAÚ BBA, diferentemente do episódio de 2021, em que a demora na reabertura pode ter tido relação com o atraso na notificação, desta vez, a celeridade nos processos de identificação, notificação à OIE e aos chineses, junto do autoembargo pode ajudar no reestabelecimento.
No entanto, o analista Alcides de Moura Torres Júnior, proprietário da Scot Consultoria, atribui o atraso na retomada das importações de carne bovina do Brasil a questões estratégicas de mercado dos próprios chineses, dado o consumo de carne no momento daquele embargo.
É previsto que a demanda chinesa por carne bovina continue aumentando em 2023, resultando em um total de 3,52 milhões de toneladas em equivalente carcaça importadas para o país. Esse número representa um crescimento esperado de 2% em relação ao volume importado em 2022.