O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Guilherme Leal, comemorou hoje a reabertura da China à proteína bovina brasileira. No entanto, alerta: “Os chineses vão aceitar carne com certificado a partir de hoje. A que foi produzida nestes três meses vai para outros mercados ou para o doméstico.”
Ele explica que a data de corte é o certificado. “Portanto, depois do dia 4 de setembro não foi emitido certificado para carne bovina com destino à China.”
Segundo ele, as negociações foram bastante técnicas depois de várias reuniões do Mapa com a equipe de autoridade sanitária chinesa. “É uma boa notícia para o setor, pois voltamos à situação anterior ao embargo.”
Impacto
Sobre o efeito econômico causado pelo embargo ele ressalta que é importante fazer uma análise global. Segundo o secretário, no resultado anual vai representar apenas 2% a menos de exportações, pois a carne foi direcionada para outros mercados. “Em termos de ano, o impacto é estimado em pouco mais de 2%. No geral, as exportações aumentaram em mais de 200% para o EUA, por exemplo.”
Conforme a Scot Consultoria, os produtores brasileiros deixaram de exportar quase 190 mil toneladas de proteína bovina para a China. Ou seja, deixaram de faturar mais de US$ 996 milhões. Veja:

Queda expressiva
Do mesmo modo, o assessor técnico de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rafael Ribeiro de Lima Filho, afirma que a queda realmente foi expressiva. “Tivemos prejuízos. Para se ter uma ideia, entre outubro e novembro neste ano exportamos US$ 424.6 milhões frente a US$ 690,4 milhões no mesmo período de 2020.”
Segundo Lima, em novembro – o último mês consolidado – a receita com as exportações foi de US$ 399,6 milhões. “Nota-se a perda acentuada na comparação novembro a novembro. No ano passado, exportamos US$ 738,5 milhões.”
Para ele, o prejuízo só não foi maior em função de o Brasil ter aumentado os embarques para outros mercados como Estados Unidos, Chile, Indonésia, Filipinas. “Portanto, a notícia de hoje é muito positiva, já que a China é o nosso principal cliente. Representa cerca de 50% do nosso faturamento.”
Lima afirma que os preços do boi gordo devem subir já que a indústria vai demandar mais boiadas terminadas.
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Notícia do dia
O Mapa recebeu, nesta quarta-feira (15), a informação sobre a liberação das exportações de carne bovina para a China. Com isso, a certificação e o embarque da proteína animal para a China serão normalizados e podem ser retomados a partir de hoje.
Os embarques para o país asiático estavam suspensos desde o dia 4 de setembro, quando o Brasil identificou e comunicou dois casos atípicos da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), registrados em Nova Canaã do Norte (MT) e em Belo Horizonte (MG).
Suspensão
A suspensão foi feita pelo Brasil em respeito ao protocolo firmado entre os dois países, que determina esse curso de ação no caso de EEB, mesmo que de forma atípica. O que significa que esses animais desenvolveram a doença de maneira espontânea e esporádica, não estando relacionada à ingestão de alimentos contaminados e que não há transmissão da doença entre os animais.
A OIE, que é a organização internacional que acompanha a saúde animal, analisou as informações prestadas em decorrência dos dois casos de EEB atípica e reafirmou o status brasileiro de “risco insignificante” para a enfermidade.
Em novembro, a China já havia liberado alguns lotes de carne bovina brasileira que receberam a certificação sanitária nacional até o dia 3 de setembro de 2021.