A safra gaúcha de uva para a industrialização será 26,58% menor neste ano em comparação a 2023.
As razões da uma queda tão significativa foram explicadas pelo chefe da Embrapa Uva e Vinho, Adeliano Cargnin, ao programa A Granja ma TV de terça-feira, 8, na Ulbra TV.
“O principal fator foi a ocorrência de chuvas na safra de 2023 e de 2024, em dois períodos”, justificou.
“O segundo período que muitas vezes interfere na produção de vinhos, mas é um pouco mais relacionado à qualidade da uva, é o período da maturação, apesar de que também influencia na produtividade”, complementou.
Conforme ele, no período entre final de dezembro, janeiro e fevereiro, também houve algumas ocorrências de chuvas um pouco acima da média, o que prejudicou a produção.
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Isso fez com que a planta, com menor insolação e em menores dias de sol, produzisse menos açúcar, acumulando menos açúcar no cacho e na baga, o que diminui o peso e também a qualidade da uva para vinificação ou elaboração de espumantes.
Da mesma forma, outro fator também relevante nessa época e que igualmente influencia bastante é a ocorrência de doenças importantes de final de ciclo, principalmente as que atacam o cacho da videira e diminuem também a qualidade e até a quantidade.
Cargnin acrescentou que o número da queda também se explica na ótima produção do ciclo anterior, 2022/23, “uma safra que foi de alta qualidade, uma safra boa, safra cheia”.
“Então, se tinha um pouco mais de estoques de vinho, em virtude da qualidade da uva”, explicou.
Mais sucos
O dirigente ainda afirmou que, com menos qualidade para a vinificação, as vinícolas acabaram destinando a uva produzida para a produção de suco.
“E, naturalmente, já há alguns anos a gente tem observado um consumo bastante elevado de sucos. Isso também estimulou a produção de sucos diretamente para consumo, e não para concentrar e depois estabelecer este suco e botar no mercado”, acrescentou.
Safra 2024/25
E o que esperar da atual safra, 2024/25, visto o clima?
“O inverno deste ano, começando pela questão do frio, foi um pouco afetado no início, principalmente quando estavam aqueles períodos muitos chuvosos, quando teve aqueles eventos climáticos extremos, concentrados basicamente no mês de maio. O mês e junho também não foi tão frio”, descreveu.
“Mas depois, com a redução das chuvas, então deu uma certa quantidade de frio que, aliada a algumas práticas de manejo, consegue se estabelecer o potencial produtivo para este ano que a gente está estimando que fique dentro da média dos últimos anos, uma média mais a longo prazo”.
Vinhedos dizimados
Nas chuvas fortes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, um total de 400 hectares de videiras foram destruídas pelos deslizamentos.
Para a safra seguinte, apesar dos 400 hectares estimados de perdas, isso representa no Rio Grande do Sul, 1% da área. Temos em torno de 40 mil hectares”, analisou.
“O impacto de 1% no volume total não é significativo. O que a gente faz uma ressalva é que estes 400 hectares, para os produtores que perderam, sim, é muito significativo”, lamentou.]
“O impacto foi muito grande por se tratar de uma cultura que é de pequena propriedade, onde a média das propriedades é em torno de dois, três quatro hectares”, avaliou.
“Então, teve produtores que perderam um, dois e até três hectares, e isso dá um impacto econômico para aquele produtor muito grande. (Mas) O impacto social é muito maior que até o impacto na produção”.
Confira a entrevista completa no link abaixo, assim como mais informações sobre o agro no programa A Granja na TV, da Ulbra TV, edição de terça-feira, dia 8 de outubro (Canal 48.1 TV Digital e 521 da NET Porto Alegre)