O ritmo de plantio em boas condições da soja nas lavouras americanas limitou a valorização dos preços em Chicago.
No entanto, a escassez de chuvas em algumas regiões do meio-oeste daquele país trouxe uma preocupação adicional e afetou os preços da soja em Chicago.
Na segunda-feira da semana passada, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) enviou uma revisão dos requisitos de biocombustíveis, sugerindo um aumento no consumo desses combustíveis.
A expectativa de aumento no consumo de óleo de soja impulsionou a valorização em Chicago.
Já no Brasil, o dólar permaneceu abaixo dos R$ 5.
A aprovação do texto-base do novo arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados e a continuidade da renegociação da dívida dos Estados Unidos foram os principais destaques, resultando em queda de 0,20% no dólar, fechando a semana passada a R$ 4,99.
E durante a semana, ocorreram reuniões entre o presidente americano, Joe Biden, e o presidente da Câmara dos Deputados, mas não foi alcançado um acordo para aumentar o limite de gastos do país.
Isso ampliou ainda mais as preocupações do mercado em relação a um possível calote nas dívidas norte-americanas.
Mais reuniões deverão acontecer nesta semana, para determinar o rumo da dívida trilionária dos Estados Unidos, que vem aumentando os temores de calote e recessão.
Os dois presidentes possuem o prazo para apresentar uma solução até a próxima quinta-feira, dia 1º, indicando se irão aumentar o teto da dívida ou prorrogar seu pagamento.
Na próxima sexta-feira será divulgado o relatório de geração de empregos não-agrícolas (Payroll), e o mercado espera um aumento dos números. Os dados serão determinantes para encaminhar o rumo da economia dos Estados Unidos, pois influenciará diretamente nas decisões do banco central norte-americano para as taxas de juros.
Diante de tudo isso, o contrato de soja com vencimento em julho/23 finalizou a semana passada cotado a US$ 13,36 o bushel (+2,38%).
E o contrato com vencimento em agosto/23 a US$ 12,60 o bushel (+1,12%).
Com a manutenção do dólar junto às valorizações de Chicago, a semana para a soja fechou positiva com relação à semana anterior.
Clima no centro das atenções
Com a maior parte da área americana já plantada, o mercado agora está voltando sua atenção para o clima nos Estados Unidos.
Os modelos climáticos indicam um aumento na temperatura e uma escassez de chuvas até o final desta semana na região agrícola.
Regiões como o norte de Oklahoma, o estado de Kansas, Nebraska, Dakota do Sul e uma parte do leste de Iowa podem enfrentar um risco mais alto de seca caso não ocorram chuvas para beneficiar as lavouras desses estados.
Se esse cenário se confirmar, pode levar a novas altas nos preços em Chicago, segundo Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto.
Os fundos de investimentos reduziram suas apostas na alta de preços da soja em Chicago.
E de acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), a posição líquida comprada diminuiu 56,2% no período.
Caso esse ritmo continue, há grandes chances dos fundos ficarem vendidos, fato que aconteceu em 2020, com o início da pandemia.
Relação de troca ainda favorável
Com a queda acentuada nas cotações dos fertilizantes, principalmente, ureia, NPK e MAP, as condições ficaram favoráveis para a troca por fertilizantes, mesmo com a queda de Chicago.
A relação está abaixo da média dos últimos cinco anos, e isso contribui para o barateamento dos custos para a próxima safra.
Silos lotados
No Brasil os prêmios da soja podem voltar a cair.
Com a aproximação da colheita do milho segunda safra, os armazéns já estão solicitando a retirada dos grãos de soja, o que geralmente ocorre na segunda quinzena de junho.
Além disso, o mês de junho foi marcado por poucas compras da China, pois o país tem se concentrado no trigo para fabricação de ração e no óleo de palma para consumo de óleo vegetal.
Com esses pontos alinhados, espera-se uma oferta significativa no mercado no próximo mês, porém, sem uma demanda adequada para absorver o volume, o que provavelmente resultará em uma queda nos preços da soja no mercado físico, de acordo com o analista da Grão Direto.
De acordo com o Sene, da Grão Direto, diante de todo este cenário, espera-se um uma queda do dólar no Brasil e uma continuidade de alta nos preços, diante das instabilidades climáticas nos EUA.
Fonte: Grão Direto www.graodireto.com.br