O professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Marcelo Silveira de Farias pesquisou sobre a compra de maquinário ou equipamentos e como usufruir de todas as funcionalidades disponíveis. Ele conversou com o editor de A Granja, Leandro Mariani Mittmann, sobre este tema. Acompanhe os principais pontos da entrevista:
Na sua pesquisa, o que descobriu sobre a forma como as máquinas são utilizadas no campo? De que maneira é possível gerar eficiência com economia?
Cheguei num resultado de que, com apenas a condução mais adequada de tratores, por exemplo, é possível reduzir o consumo de combustível em até 5 litros por hora. Se a máquina trabalha 10 horas por dia, isso resulta em uma economia considerável. Hoje em dia, a gente tem que reduzir custos, ser cada vez mais eficiente, mais racional com o uso das máquinas. Maquinários mais eficientes fazem mais trabalhos por dia. Eles rendem mais.
As janelas de semeadura são cada vez mais limitadas. Então, o agricultor tem um intervalo de tempo bem determinado para fazer sua atividade. Hoje em dia é inadmissível não se conseguir trabalhar em função de máquinas que quebram, que estão mal reguladas, mal calibradas e sem manutenção.
Vejo muito no campo que a velocidade é um vilão para a produtividade. A velocidade de trabalho precisa ser respeitada, seja para semeadura, colheita ou pulverização. Não se deve exagerar de jeito nenhum. Por isso, é importante ter um planejamento para botar as máquinas para trabalharem dentro da velocidade correta.
É possível fazer com que o motor tenha mais eficiência energética?
Hoje em dia, quando o assunto é eficiência energética, não se fala apenas no motor. E, sim, no motor e na transmissão, um conjunto que conversa entre si. Isso teve origem com a transmissão CVT, que todos os fabricantes possuem atualmente.
A CVT funciona assim: digamos, por exemplo, que eu quero semear com o trator andando a 5 km/h. Eu informo no monitor que quero essa velocidade, e o trator vai mantê-la. Se eu precisar de mais rotação, a transmissão conversa com o motor e faz isso sem alterar a velocidade. Hoje em dia, é possível os tratores trabalharem 1100 RPM, que é uma rotação baixa, quase em marcha lenta. Antigamente era preciso, no mínimo, 2000 RPM. Além disso, a eficiência energética também está ligada aos motores eletrônicos.
Como é feita a análise de resultados do motor?
A avaliação do motor do trator é feita em laboratório, com o freio dinamométrico. Esse freio trabalha simulando uma operação. Eu acelero o trator até chegar na rotação máxima, e esse freio dinamométrico vai freando o motor. Vai baixando cada vez mais a rotação até, se eu quiser, apagar o trator. Claro, o motor ‘apanha’ com esse processo. E nesse intervalo em que o freio dinamométrico trabalha, ele vai calculando o torque e a potência, que serão demonstrados em gráficos. O torque é uma força que o motor faz para vencer a sobrecarga. A partir disso a gente analisa os resultados do motor. Porém, muitas vezes o agricultor não sabe interpretar esses gráficos, que detalham o funcionamento do motor.
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Foto da capa: Wenderson Araujo/CNA