Nesta quarta-feira (21) começa o verão no hemisfério Sul. Este é o dia mais longo do ano, chamado Solstício de Verão. Saiba o que acontece no planeta neste período, como ficará o fim de semana do Natal, e o que esperar da estação no artigo do pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.
Artigo: Tempo de Verão *
Nosso planeta Terra percorre sua órbita elíptica em torno do Sol, chamado movimento de translação, na estonteante velocidade superior a 100 mil km/h, cerca de 87 vezes maior que a velocidade do som e suficiente para dar uma volta completa no planeta em pouco mais de 20 minutos. Durante esse percurso, o eixo de rotação da Terra sofre alterações que mudam a exposição da superfície em relação à incidência dos raios solares e definem as estações do ano com suas diferentes condições climáticas.
As estações da primavera e do outono são caracterizadas pelos equinócios, fenômeno no qual os raios solares incidem diretamente sobre a linha do Equador e os dois hemisférios recebem a mesma iluminação e condições climáticas amenas. As estações do inverno e verão são determinadas pela ocorrência dos solstícios, em que as noites são curtas (verão) ou longas (inverno).
O Solstício de Verão no Hemisfério Sul, em 2022, acontecerá às 18h47 do dia 21 de dezembro, quando ocorrerá o dia mais longo do ano no Brasil e consequentemente a noite com menor duração. Em Belo Horizonte, o nascimento e o pôr do sol ocorrerão às 5h13 e às 18h34, respectivamente. Porém, esses horários são afetados pela latitude local. Por exemplo, em Manaus, a duração do dia será quase igual à da noite, enquanto em Porto Alegre o dia 21/12 terá duração do brilho solar superior a 14 horas.
As altas temperaturas determinadas pela alta exposição da superfície terrestre aos raios solares contribuem para o aumento da evaporação da água e o aumento do volume de chuvas, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
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As chuvas são também afetadas pelo fenômeno ENOS (El Niño Oscilação Sul) com períodos em que as temperaturas das águas do Oceano Pacífico Equatorial se encontram acima (El Niño) ou abaixo (La Niña) das médias históricas. Nos últimos três anos aconteceu o fenômeno La Niña, com a ocorrência de estiagens prolongadas no Sul do País e excessos de chuvas em outras regiões. O início do ano foi marcado por grandes tragédias ocasionadas pelas chuvas nos estados da Bahia, de Pernambuco, Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
Embora a temperatura dos oceanos esteja acima da média em quase todo o planeta, ainda persiste a condição de La Niña no Pacífico Equatorial (costa marítima do Peru), e as projeções indicam que essa situação deverá persistir durante todo esse verão. A chegada da estação de verão deverá ser marcada pela ocorrência de fortes chuvas especialmente nos estados de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e no Distrito Federal.
A partir do dia 23, as chuvas se deslocam para o Vale do Jequitinhonha, Sul da Bahia e estado do Tocantins, e o Natal deve ter tempo firme nos estados da região Sul e no Mato Grosso do Sul e ter apenas chuvas ocasionais e de baixa magnitude na região Sudeste. A passagem da frente fria proporcionará uma substancial queda na temperatura, e Minas Gerais será o estado mais impactado, com temperaturas abaixo de 25 °C em quase todas as regiões, mesmo em municípios muito quentes, como Januária e Montes Claros. Condições de alta umidade e baixas temperaturas poderão contribuir para a formação de nevoeiros. Recomenda-se alto nível de atenção àqueles que pretendem viajar durante esse período natalino.
*Daniel Pereira Guimarães é pesquisador na Embrapa Milho e Sorgo
Embrapa Milho e Sorgo
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