O Brasil produz, em média, 8 milhões de quilos de lã por safra. Quase 100% deste volume sai dos campos do Rio Grande do Sul. A população ovina do estado dá sinais de crescimento e 70% do rebanho corresponde a raças de aptidão laneira. De olho na valorização da lã produzida no estado, as associações de criadores de Corriedale, Ideal e Merino Australiano se uniram e vão promover na Expointer 2023 o Concurso Melhor Velo Industrial.
Trata-se de uma competição que avalia a qualidade da lã para uso na indústria têxtil. Para isso, durante a feira, jurados uruguaios irão analisar o produto, desde o método de esquila até detalhes como peso, comprimento, finura e rendimento após lavado.
O resultado mostrará qual animal produziu a lã de maior qualidade e rendimento. “Esse dado contribui até mesmo para o melhoramento genético das cabanhas”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ideal, Milton Fernandes. Ele explica que se dois animais apresentam lã com mesma finura, porém com rendimentos diferentes ao lavado, “significa que o animal que proporciona maior rendimento poderá transmitir isso aos seus filhos”.
Durante a feira, na terça (29) e quarta (30), todo o processo de avaliação será realizado ao vivo no Pavilhão dos Ovinos, com presença dos jurados uruguaios. Após a esquila e avaliação, também é realizado o julgamento das carcaças, pois fica mais visível a conformação do animal.
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Tudo começa antes
O processo para o concurso se inicia antes mesmo da feira começar. Uma semana antes da admissão dos animais na Expointer, “uma amostra de 100 gramas de lã é retirada de um local específico de cada animal que vai participar da prova”, explica o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), Edmundo Gressler.
As amostras retiradas previamente são enviadas para o laboratório do Secretariado Uruguaio da Lã (Sul), onde são pesadas e avaliadas sob vários aspectos, entre eles a espessura (micra) e o rendimento ao lavado. “O rendimento é o quanto de lã apta para a indústria se obtém ao final do processo de lavagem”, informa Gressler. As lãs com maior finura e com aproveitamento superior a 80% após lavadas, são as mais valorizadas no mercado. Essa análise laboratorial, juntamente com a avaliação do processo de esquila e peso de lã por animal, resultará no Melhor Velo Industrial, ou seja, a lã mais valorizada no mercado.
Para os organizadores do evento, que conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), e da Arco, o concurso é uma oportunidade de mostrar a genética, a organização dos produtores e a qualidade da lã gaúcha.
Bem-estar animal é outro quesito que pode ser avaliado durante o certame. Os esquiladores são altamente capacitados e utilizam o chamado “Tally-Hi”, método australiano de esquila que evita a amarração dos animais para o procedimento.
O presidente da Associação dos Criadores de Corriedale, Fernando Petruzzi, garante que o concurso é um trabalho que, aliado à certificação de lã promovida pela Arco, fecha um ciclo para a valorização do produto. “Estávamos acostumados a julgar a lã no olho, depois vieram as micronagens e, nos últimos anos, o concurso de lã. Isso dá uma dimensão de resultado financeiro ao produtor, é a melhor forma de medir o produto ou serviço.”
A presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Merino Australiano, Cassyana Costa Comis, comemora a realização do concurso especialmente pela oportunidade de valorizar o trabalho do produtor. “Também é uma chance de dar visibilidade sobre a nossa atividade para o grande público da Expointer, especialmente a questão do bem-estar animal.”
Serviço:
Concurso Melhor Velo Industrial
Local: Pavilhão dos Ovinos
Data: 29 e 30 de agosto
Horário: 9h