Com 66% de seu território preservado, o Brasil tem no equilíbrio entre produção e preservação um grande trunfo no mercado internacional de commodities, entre elas a soja.
A constatação foi feita por Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial, na palestra “Sustentabilidade da produção de soja no Mercosul: fatos e rumores”, ministrada na quarta-feira durante o IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja 2022, em Foz do Iguaçu/PR.
De acordo com dados apresentados e baseados nos registros do CAR, as áreas preservadas pelos produtores, as unidades de conservação, as terras indígenas e parques somam 66% do território nacional.
A produção agropecuária, por sua vez, é feita em 30% do território, sendo 21% com pastagens, 8% com agricultura e 1,2% com florestas plantadas.
Serviços ambientais
Segundo o palestrante, há diferentes formas de se fazer esse pagamento pelos serviços ambientais, mas o que ele acredita que seja mais factível é o pagamento pelo mercado. Para que isso ocorra é preciso mostrar por meio de números concretos e de dados públicos oficiais e abertos a área destinada a preservação.
Competitividade
A sustentabilidade da soja brasileira passa também pela competitividade dentro e fora da porteira. Para isso, o palestrante ressaltou a necessidade de aumento da produtividade com melhor uso das tecnologias disponíveis. Segundo ele, é preciso reduzir a distância entre a produtividade dos produtores mais eficientes e aqueles que ainda obtém menor eficiência. Isso contribuiria para um ganho de produtividade geral e incremento da produção.
Esse aumento da produção traz a luz gargalos que o Brasil precisa enfrentar para reduzir os custos fora da porteira, como armazenamento e transporte.
Plano Nacional de Logística
Moderadora da conferência, Paula Tagliani, da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), lembrou que recentemente foi lançado o Plano Nacional de Logística, que busca identificar as oportunidades e necessidades no que se trata da logísitica de transporte brasileira. “São simulações que nos levam ao cenário de 2035 e indicam o que a gente precisa implementar na infraestrutura de transportes para atender a demanda de transporte de cargas e passageiros”, explica.
De acordo com ela, esse plano prevê aumento em 61% da extensão da malha ferroviária, em 93% da capacidade de escoamento por rodovias, aumento de 53% no número de aeroportos operando voos regulares e os portos processando de 42% a 104% mais cargas, sendo que no arco Norte esse percentual é de 73% a 125%.
Ainda considerando a temática da sustentabilidade da produção brasileira, Paula afirmou que um dos focos do Plano Nacional de Logística é o da redução da pegada de carbono no transporte, seja pela substituição por meios que emitem menos gases de efeito estufa, pela melhoria da eficiência de sistemas de transporte ou também pela compensação por meio do plantio de árvores.
Fonte: Embrapa