O prejuízo gerado por parasitas na pecuária é estimado em, nada menos, que US$ 13 bilhões, o mesmo que o país fatura com exportações de carne bovina. Em resumo, a criação de bovinos perde uma enorme eficiência produtiva por questões sanitárias.
Como principais desafios, é possível listar os parasitas externos, como moscas e carrapatos, e internos, a exemplo das verminoses e babebiose, muito por conta à resistência aos principais medicamentos produzidos na indústria veterinária.
Produtos à base de piretroides já não funcionam contra os carrapatos, as moscas dos chifres e dos estábulos. O grupo químico das avermectinas – onde estão a ivermectina e a doramectina, as moléculas mais vendidas no mercado – também não mais garante a prevenção de bicheiras, bernes, vermes e a coisa só piora na questão do carrapato.
A solução mais sustentável seria exercer um rigoroso controle sanitário dos parasitas na pecuária, com foco tanto no combate aos externos quanto aos internos. Para tanto, a Revista AG PEC – conteúdo impresso de pecuária da multiplataforma A Granja Total Agro, ouviu na edição 265 Fernando Almeida Borges.
Borges é professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e um dos grandes nomes atuais à frente dos estudos de Parasitologia Animal. Talvez o leitor se lembre dele pelo número “5-8-11”, que surgiu em 2016, com a proposta de controlar verminoses nos meses de maio, agosto e novembro, aproveitando-se o manejo nos dois meses de campanha de vacinação aftosa.
Prejuízos dos parasitas na pecuária
“De maneira geral, na fase cria, é possível desmamar bezerros 10kg mais pesados, quando os animais são tratados contra parasitoses aos quatro meses de idade. Na fase de recria, as diferenças são maiores, podendo chegar a 34kg, se um protocolo com três tratamentos anuais for realizado. O benefício, na fase de terminação em confinamento, pode chegar a 20 kg”, informa Fernando Borges.
Controle integrado
Segundo o professor da UFMS, o termo controle integrado de parasitos tem sido utilizado de forma errônea, ao se referir ao controle de todos os parasitos (endo e ecto) ao mesmo tempo. “Na verdade, o controle integrado de pragas emprega vários métodos, não apenas o uso de produtos químicos, como, por exemplo, seleção genética de animais resistentes, nutrição, manejo de pastagens e higiene no manejo”, esclarece.
A respeito do controle estratégico de endo e ecto parasitos de forma ampla, ele se torna cada vez mais importante, pois, além de trazer melhores resultados produtivos, pode ainda retardar um pouco o processo de seleção de espécimes resistentes.
“O grande desafio é montar um calendário sanitário prático e de fácil adesão na fazenda. Para cada parasito, deverá ser realizado um teste de eficácia para o diagnóstico inicial de quais produtos poderão ser utilizados na fazenda. Recomenda-se o monitoramento anual ou bianual dos produtos”, aponta o especialista.
Controle estratégico de parasitas
Além de acertar na escolha do medicamento, também é necessário entrar com o tratamento no momento correto do ano, que, no caso das verminoses, por exemplo, em média, seriam três tratamentos, sendo um no início, outro no meio meio e o último no final do período seco do ano.
O manejo adequado da pastagem e a integração lavoura-pecuária também são técnicas capazes de reduzir a infestação de larvas de carrapato no pasto, onde se concentram 95% da população do pequeno aracnídeo. Veja todos os detalhes na edição 265 da Revista AG, dedicada quase exclusivamente ao assunto.
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