A forte demanda do setor por crédito rural e a entrada em vigor da Lei do Agro (13.986/2020) devem impulsionar consideravelmente as negociações via Cédulas de Produtos Rurais Financeiros (CPR). A ferramenta também ganhou mais agilidade com a nova lei, que permitiu o registro digital.
De acordo com Tiago Rodrigues, diretor de Operações da Ceres Investimentos, enquanto a CPR registrada em cartório tem prazo de 10 dias úteis para ser emitida, a versão digital fica pronta na hora. “Isso permite ao produtor ter maior poder de decisão no momento de fechar o negócio, deixando para emitir a CPR quando as commodities estiverem mais valorizadas, tornando, assim, a operação mais rentável”, assegura.
Registro obrigatório
Em janeiro, caiu o valor mínimo das CPRs para registro obrigatório em entidades credenciadas pelo Banco Central, passando de R$ 1 milhão para títulos iguais ou acima de R$ 250 mil. Em janeiro de 2023, cairá para R$ 50 mil. E, a partir de janeiro de 2024, a obrigatoriedade será estendida para todas as CPRs.
A Ceres Investimentos, que desde o final do ano passado firmou parceria com a B3 para atuar nesse tipo de serviço, estima superar a marca de R$ 100 milhões de emissões em CPRs, Devem ser utilizadas para obtenção de recursos por parte de agricultores e distribuidoras de insumos com o objetivo de financiar suas produções mediante a entrega futura de produtos.
Segundo Rodrigues, outro fator que pode contribuir para elevar as emissões desses títulos no país é a maior difusão da operação de Barter (atreladas à CPR na maioria dos casos), uma opção para financiamento da safra. “Hoje, cerca de 30% das negociações feitas pelos produtores nas distribuidoras/revendas para pagamento pelo insumo são efetuadas por meio de Barter. Mas nem todos os produtores, especialmente os de pequeno e médio porte, conhecem essa ferramenta de troca.”
Conectando a Faria Lima ao Cerrado
O diretor de Operações da Ceres Investimentos acredita que o fato de a empresa ser totalmente direcionada para o agro tem contribuído para sua rápida expansão no país. A expectativa é superar a marca de R$ 1 bilhão, somados todos os ativos gerenciados por ela.
“Conhecemos muito bem as particularidades do setor e estamos sediados em uma região de forte produção agrícola, que é o Triângulo Mineiro. O que nos permite atuar bem focados nas distribuidoras”, afirma.
Segundo ele, isso mostra uma nova realidade do mercado financeiro. Que precisa se voltar cada vez mais para o interior do país, a fim de atender essa grande demanda por soluções financeiras que vem do campo. “Estamos conectando a ‘Faria Lima’ ao Cerrado brasileiro”, conclui Tiago Rodrigues.