A safra de arroz 2021/2022 teve aumento no custo de produção, que pode passar dos R$ 90,74 por saco de 50 quilos. Isso se for considerada uma média de 166,13 sacos por hectare e dentro de um critério e metodologia já estabelecido de usar a média das últimas três safras. A informação é do diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), João Batista Gomes.
O dirigente abordou a questão da alta do custo de produção durante a reunião da Câmara Setorial Nacional do Arroz. O encontro realizou-se no primeiro dia da Abertura Oficial da Colheita do Arroz e grãos em terras baixas.
Informação
O evento teve início nesta quarta-feira e vai até dia 18 de fevereiro, na Estação Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, ressaltou que a Abertura da Colheita é um evento consolidado no calendário gaúcho e brasileiro. Segundo ele, a informação é um insumo fundamental para a condução dos negócios.
Em seguida, Sérgio Santos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentou dados referentes ao mercado de arroz, como preços, custos, produtividade e exportação. Destacou que a estiagem deve causar uma queda de 11,4% na produção.
Os dados são do 5º Levantamento da Safra de Grãos 2021/2022, divulgado semana passada. Sobre exportação, afirmou que, no início de janeiro, houve demanda forte para o arroz brasileiro.
Preços
Em relação aos preços, Santos falou que há uma tendência de elevação ao longo de 2022. Entretanto, mesmo em um cenário otimista, com recuperação dos preços, a elevação dos custos de produção deve frear a rentabilidade. “Identificamos um significativo aumento tanto do custo variável quanto do operacional.” Segundo ele, esta alta encaminha a um cenário de rentabilidade não muito atrativa para a safra 2021/2022.
O presidente da Câmara Setorial do Arroz, Daire Coutinho, afirmou que o protocolo de auto-regulamentação elaborado por um grupo de trabalho é um desafio para o setor. “Temos o vencimento da antiga lei de classificação e um projeto novo que já está indo para o Senado. Ele traz uma nova realidade, focando também na rastreabilidade. Como o setor do arroz é de muita pulverização de produção, temos dificuldades nisso, mas a cadeia assumiu um compromisso com o Ministério da Agricultura de apresentar um projeto de auto-regulamentação”, informou.
Coutinho enfatizou que os números apresentados pelo Irga assustam e preocupam. “A primeira preocupação é com a comercialização da safra. E a segunda, em relação aos produtores que tiveram problemas com custos altos e perdas com a falta de chuvas.”
Segundo Coutinho, estes ficarão à margem da comercialização que está se acelerando e melhorando. “Será preciso encontrar uma solução.” A próxima reunião da Câmara Setorial do Arroz será em 25 de maio.