A revista A Granja de dezembro apresenta a história da produtora Márcia Piati Bordignon. Em 2008, aos 27 anos, a então professora precisou se reinventar. A reportagem é de Denise Saueressig.
Depois da perda inesperada do pai, que liderava a propriedade da família em Céu Azul, no Oeste do Paraná, ela decidiu trocar a sala de aula pelo campo. Munida de coragem, conhecimento e relações de apoio determinantes, Márcia venceu as desconfianças iniciais. Hoje coordena todo o trabalho na Fazenda 4 Filhas.
Desacreditada
“Nossa propriedade é de médio porte e meu pai não tinha um gerente, ou seja, era ele quem cuidava de tudo.” Tinha dois funcionários, sendo que um deles permaneceu com a família ainda por muitos anos. Ela conta que, quando o pai faleceu, estavam no meio do plantio do trigo. “Meus primos e tios vieram ajudar com o que precisava ser feito naquele momento. A partir dali, tive que me virar.”
“Ninguém na região acreditava que daríamos certo. As apostas eram de que iríamos arrendar ou vender a terra e gastar o dinheiro que tínhamos. Com toda essa desconfiança, eu não conseguia pessoas para trabalharem comigo. Fora isso, alguns que aceitaram, acabaram não se adequando. Demorei dois anos para conseguir formar uma equipe.”
Márcia Piati Bordignon
Inspiração
Em um relato inspirador na nossa seção O Segredo de Quem Faz, a produtora conta como superou as dificuldades e o que faz para manter a lavoura em constante evolução. “Meu pai era muito caprichoso, mas entre 2010 e 2015, nossa região sofreu com chuvas em excesso em um curto espaço de tempo. Nosso solo é muito argiloso e as curvas de níveis não estavam mais adequadas ao nosso sistema produtivo.”
Ela afirma que perceberam a erosão e viram a terra boa indo embora. “Foi de chorar. Fui estudar, procurei profissionais que entendiam do assunto.”
Processo
Segundo Márcia, foi um processo longo e custoso. “Mas falei para minha mãe que não podíamos ter erosão. Fui trabalhando aos poucos, optando por iniciar a recuperação nos lotes mais degradados.”
Há ainda algumas áreas para recuperar, mas a maior parte da fazenda já está reformada. Claro que custou parte da produção. “Nesse período, vi a produção cair, mas sabia que era uma situação necessária.”
Atualmente, consegue praticar o sistema plantio direto, com rotação de culturas e uma camada muito boa de palhada. “Quando preciso resolver a compactação, trabalho com o manejo das plantas”, revela.
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