O relatório do USDA da semana passada apontou expectativas de redução na produção brasileira e, por consequência, mundial.
A safra do país foi ajustada para 155 milhões de toneladas.
Com o mundo produzindo menos, as exportações brasileiras previstas subiram 3%, para em torno de 66% da produção nacional em 2024.
Os embarques subiram 30% em fevereiro, em relação ao mesmo período de 2023, apontando observável crescimento da demanda.
Em Chicago, o contrato de soja para março de 2024 encerrou a US$ 11,70 o bushel (+2,45%).
No mercado físico brasileiro também se observaram movimentos positivos em boa parte das regiões, com o dólar também subindo (+0,40%) ao longo da semana, cotado a R$ 4,98.
E a melhora considerável também aconteceu no contrato com vencimento em maio de 2024 (+3,04%), e fechou a semana US$ 11,85 o bushel.
Clima
Na safra brasileira, as chuvas previstas na última semana ocorreram conforme esperado e há mais previsões para os próximos dias.
Neste contexto, de acordo com o último levantamento realizado pela plataforma Grão Direto, cerca de 50% dos produtores rurais entrevistados ainda não tinham iniciado a colheita, uma situação que se mantém diante da confirmação das chuvas.
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Esse cenário tem impactado a entrada da soja no mercado, resultando em aumentos nos indicativos de compra para entregas a prazos mais longos.
Custos logísticos de safra
Até o momento, o custo logístico ainda não se estabilizou em sua tradicional temporada de alta, devido ao atraso na colheita da safra de soja e ao baixo volume de negociações.
No entanto, essa situação tende a mudar em abril, à medida que a colheita avança e os produtores se veem obrigados a cumprir seus compromissos financeiros.
Até lá, os produtores terão a oportunidade de aproveitar preços atrativos, com custos logísticos mais econômicos para oportunidades de entrega Cif.
E as exportações 30% acima do ano passado podem indicar reversão na tendência do mercado, que até o momento estava muito pressionado pela baixa demanda.
Essa informação casa com o aumento das exportações prevista no relatório do USDA.
A China está aumentando suas compras de farelo de soja, enquanto a Malásia enfrenta desafios na produção de óleo de palma, fatores que têm contribuído para manter os prêmios próximos ao positivo para entregas em maio e junho.
Além disso, com o aumento do consumo e da utilização de óleo vegetal no biodiesel, combinado com a iminência da temporada de alta dos combustíveis, a aceleração no avanço da colheita pode casar com um movimento positivo do mercado.
Câmbio
Na economia, o mercado americano superou as expectativas dos analistas sobre o número de vagas de empregos urbanos criadas.
Porém, a taxa de desemprego subiu além das expectativas.
Após esse Payroll acima da expectativa com as 275 mil vagas de emprego criadas, os olhares se voltaram para os EUA, que se mostrou resistente aos métodos de contenção da inflação, trazendo assim um sinal de juros por mais tempo.
Para o Brasil, que pretende cortar mais 0,5% na próxima reunião, fica a dúvida se esse resultado pode mudar a opinião do comitê de política monetária para um corte mais conservador.
Frente aos fatores apresentados, poderá se ter uma semana com o recuo do dólar e subida da soja, recuperando algumas perdas dos últimos meses.
No balanço final, pode ser uma semana positiva.
Fonte: Grão Direto